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ONU: crianças que escaparam da guerra sofrem estresse psicológico

Além disso, segundo os dados, elas não recebem educação e se envolvem com trabalho ilegal; muitas vivem sem os pais, no Líbano e na Jordânia

Rodrigo Craveiro
postado em 29/11/2013 06:03

Whada abraça a filha, Waffa, na cidade de Zahle (Líbano): menina ficou muda desde a perda do pai, na guerra

Noura, 7 anos, teve que abandonar as bonecas na Síria, antes de fugir para o Líbano. ;Papai fez uma boneca com um pedaço de madeira e colocamos algumas roupas nela. Eu realmente amo minha nova boneca, mas sinto falta de meus brinquedos. E de meus amigos;, lamenta. Um menino de 6 anos, que agora vive no Vale do Bekaa, gagueja desde que escapou de um bombardeio em Damasco. Nadia, recém-chegada à Jordânia, se resigna com um futuro sombrio. ;Nossas vidas estão destruídas, pois não estamos sendo educadas e, sem educação, não teremos nada. Estamos indo ao encontro da destruição;, diz.

Cerca de 1,1 milhão de crianças abandonaram o território sírio (veja mapa), mergulhado em uma guerra civil que matou 110 mil pessoas em 32 meses. Deixaram para trás a escola, viram parte de seus sonhos ruir, testemunharam os horrores do conflito e foram obrigadas a conviver com o estresse psicológico e a se submeterem ao trabalho infantil. Pelo menos 3.760 menores entraram na Jordânia e no Líbano desacompanhados. O inédito relatório The future of Syria ; Refugee children in crisis (O futuro da Síria ; Crianças refugiadas em crise), divulgado hoje pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), traz um retrato cruel e alarmante (leia o quadro).

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;Se não agirmos rapidamente, uma geração de inocentes se tornará a última vítima de uma guerra terrível;, alerta António Guterres, alto comissário da ONU para refugiados. A atriz Angelia Jolie, enviada especial do Acnur à Síria, disse que ;o mundo precisa agir para salvar uma geração de crianças sírias traumatizadas e isoladas;. Em entrevista ao Correio, Andrés Ramirez (leia o Duas perguntas para), representante do Acnur no Brasil, advertiu que a vulnerabilidade dos menores compromete a reconstrução da Síria, e vê com preocupação o distanciamento da escola.

Segundo o relatório, 200 mil crianças sírias no Líbano e 100 mil na Jordânia tiveram a educação interrompida. ;A falta da escola é uma receita para a depressão e a violência. Muitas crianças voltam a participar do conflito.; De acordo com Ramirez, menores entrevistados admitiram a hipótese de retornar à Síria, sob a alegação de que a guerra ;reclama ajuda;. ;Alguns deles estão deprimidos e correm risco potencial de suicídio.; A ONU reconhece que o ambiente volátil nas áreas fronteiriças incita as crianças a se alistarem a grupos armados na Síria.

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