[SAIBAMAIS]Segundo uma fonte da segurança síria, se Nabak for ocupada, só restarão a localidade de Yabrud e algumas aldeias para que toda região situada a 70 km ao norte de Damasco caia em poder do exército. Os militares querem recuperar a região montanhosa de Qalamun para garantir uma continuidade territorial sob seu controle nas províncias de Damasco e Homs, mais ao norte.
Qalamun, a pouca distância da fronteira libanesa, onde se encontram os depósitos de armas, constitui a retaguarda dos rebeldes para cercar a capital e controlar o acesso à estratégica rodovia Damasco-Homs. Com esta ofensiva, o regime de Bashar al Assad, que se apoia no Hezbollah e nos milicianos xiitas iraquianos, quer chegar numa posição de força à conferência de paz Genebra 2, bloqueando assim a exigência dos opositores de que Assad deixe o poder.
O primeiro-ministro sírio, Wael al Halaqi, por sua vez, visitará o Irã, principal aliado do regime na região, onde falará sobre o conflito depois que Teerã e Ancara pediram um cessar-fogo antes da celebração da conferência em Genebra, no dia 22 de janeiro. Por outro lado, no terreno, quatro pessoas morreram e 26 ficaram feridas na queda de obuses em frente a famosa mesquitas dos Omeyas no centro histórico de Damasco, em pleno dia da oração para os muçulmanos, segundo a televisão síria. "Quatro pessoas mortas e 26 feridos: este é o balanço dos obuses de morteiro lançados pelos terroristas contra a mesquita dos Omeyas em Damasco", indica a televisão síria, que utiliza o termo terroristas para se referir aos rebeldes.
Os disparos de obuses no centro da capital pelos rebeldes, que controlam vários setores da periferia de Damasco, são cada vez mais comuns.
Na quinta-feira, um sírio morreu e nove outros ficaram feridos por um tiro de morteiro contra a embaixada da Rússia em Damasco, segundo o Ministério russo das Relações Exteriores. A Rússia, que também apoia o presidente Bashar al-Assad, e o bairro de sua embaixada em Damasco foi alvo dos rebeldes em várias ocasiões nos últimos meses.
Mais de 120.000 pessoas morreram e milhões precisaram ser deslocadas desde o início do conflito na Síria, em março de 2011.
Uma geração sacrificada
Nesta quinta, a ONU denunciou em relatório que uma geração de crianças sírias, que respondem por metade dos 2,2 milhões de refugiados sírios registrados na região, estão traumatizadas, isoladas e privadas de educação. "Se não agirmos rapidamente, uma geração de pessoas inocentes será sacrificada por causa desta guerra terrível", alertou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Antonio Guterres, ao apresentar o primeiro estudo abrangente conduzido pelo ACNUR sobre as crianças sírias desde o início do conflito, em março de 2011.
De acordo com o relatório, cerca de 294.300 crianças sírias encontraram refúgio na Turquia, 385.000 no Líbano, 291.200 na Jordânia, 77.120 no Iraque, 56.150 no Egito e mais de 7.600 na África do Norte. Mais de 3.700 entre elas estão desacompanhadas ou foram separadas de seus pais. Além disso, mais de 70.000 famílias de refugiados sírios vivem sem o pai. Os autores do estudo, que puderam entrevistar crianças sírias apenas na Jordânia e no Líbano, dizem ter recebido informações sobre meninos treinados para lutar quando retornarem para a Síria.
Além disso, constataram que muitas famílias de refugiados sem recursos financeiros enviam seus filhos para trabalhar e garantir a sua sobrevivência. Após quase 1.000 dias de um conflito que fez mais de 120.000 mortos, o ACNUR faz um apelo à comunidade internacional a apoiar os países vizinhos da Síria para manter suas fronteiras abertas e melhorar seus serviços de atendimento às vítimas do conflito.