Agência France-Presse
postado em 30/11/2013 10:08
Teerã - O Irã decidirá o nível de enriquecimento de urânio de que necessitará, declarou o ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, citado neste sábado (30/11) pela imprensa local. "O Irão decidirá seu nível de enriquecimento de acordo com suas necessidades em diferentes áres", declarou Zarif, segundo a agência oficial Irna. "São apenas negociáveis os detalhes (do enriquecimento) na fase final das negociações" com as potências do grupo 5%2b1.Segundo a imprensa, o ministro iraniano fez estas declarações depois de reunir-se, na sexta-feira, na cidade santa de Qomm, com dirigentes religiosos, para explicar a eles os detalhes do acordo provisório fechado em 24 de novembro com as grandes potências em Genebra. Na véspera, o representante iraniano junto à AIEA anunciou que a suspensão por seis meses por parte do Irã de algumas de suas polêmicas atividades nucleares prevista pelo acordo acertado com as grandes potências começará no final de dezembro ou início de janeiro.
[SAIBAMAIS]"Nós prevemos que deveremos começar a a plicar as medidas concluídas pelas duas partes no final de dezembro ou início de janeiro", declarou Reza Najafi à margem da reunião do conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O acordo provisório concluído no domingo passado, em Genebra, entre Teerã e o Grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha mais a Alemanha) é válido por seis meses.
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Ele deve se tornar definitivo dentro de um ano. Em virtude do acordo, o Irã deixará de enriquecer urânio a mais de 5% durante seis meses, suspenderá a construção do reator de água pesada de Arak, destinado inicialmente a fabricar plutônio, um material útil para fabricar bombas atômicas, e permitirá um acesso maior dos inspetores internacionais às instalações nucleares.
Em compensação, serão aliviadas em parte as sanções internacionais impostas há anos ao Irã por enriquecer urânio. As potências ocidentais e Israel suspeitam que o Irã quer dotar-se de armas atômicas sob pretexto de conduzir um programa nuclear civil. Teerã sempre negou que esse seja seu objetivo. A AIEA terá um papel primordial na hora de verificar a aplicação do acordo.
Najafi assinalou que já houve conversas preliminares com a agência a propósito da verificação. Na quinta-feira, o diretor-geral da agência atômica da ONU, Yukiya Amano, admitiu que sua instituição não tem meios suficientes para desempenhar as tarefas suplementares previstas pelo acordo de Genebra. "Isso vai requerer uma quantidade significativa de dinheiro e um aumento de pessoal. O orçamento da AIEA está muito apertado. Não creio que possamos cobrir o conjunto das tarefas com nosso próprio orçamento", afirmou.
Também na quinta, o Irã convidou a AIEA para inspecionar, a partir de 8 de dezembro, o local de produção de água pesada em Arak. O reator de Arak está no centro das preocupações das grandes potências, pois poderia fornecer ao Irã a capacidade de extrair plutônio, uma alternativa ao urânio enriquecido para construir uma bomba atômica.
A AIEA já inspecionou em várias ocasiões este reator, mas nunca recebeu detalhes sobre o seu projeto e seu funcionamento desde 2006 e não é autorizada a visitar o local de produção de água pesada desde agosto de 2011. O Irã se comprometeu a abrir a usina de Arak para inspetores da agência dentro do acordo provisório de seis pontos para "estabelecer a confiança entre as duas partes".
Este acordo, assinado em Teerã em 11 de novembro durante uma visita de Yukiya Amano, também inclui uma visita à mina de urânio de Gachin e um compromisso do Irã de fornecer informações sobre seus possíveis planos para novos reatores nucleares de enriquecimento no local.