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Dezenas de feridos em manifestação de 100.000 ucranianos pró-Europa

Diante de cerca de 100.000 manifestantes pró-Europa, a oposição ucraniana convocou uma greve geral a partir de hoje

Agência France-Presse
postado em 01/12/2013 17:15
Manifestantes enfrentam a polícia em protestos pró-Europa, neste domingo (1º/12), em Kiev, na Ucrânia
Kiev - Ao menos 100.000 manifestantes pró-Europa saíram às ruas neste domingo (1;/12) no centro de Kiev para exigir a demissão do presidente Viktor Yanukovitch, em um protesto que terminou em confronto com a polícia, o que deixou mais de 100 feridos. Mais cedo, um grupo de opositores ocupou a sede da prefeitura da capital ucraniana, constatou a AFP. A polícia confirmou esta informação logo depois, e revelou que os manifestantes instalaram um "quartel-general temporário da oposição unida".



Diante de cerca de 100.000 manifestantes pró-Europa, a oposição ucraniana convocou uma greve geral a partir deste domingo. "Fiquemos aqui! Vamos trazer barracas de acampamento para cá. A partir de hoje começa uma greve geral", disse Oleg Tiagnibok, um dos líderes da oposição. "Revolução! Que vergonha! Ucrânia é Europa" - gritavam os manifestantes, que tomaram a praça levando bandeiras ucranianas e europeias e gritando slogans contra o presidente, que, na última sexta-feira, se recusou a assinar um acordo com a União Europeia. A vizinha e poderosa Rússia se opõe a este tratado.

[SAIBAMAIS]Segundo as autoridades, 100 policiais ficaram feridos em confrontos que ocorreram durante a manifestação a favor da União Europeia. A AFP viu forças de segurança diante da sede do governo lançando granadas de gás em direção a manifestantes mascarados que apedrejavam o prédio. Dois fotógrafos da AFP e um cinegrafista da rede de televisão Euronews, com sede na cidade francesa de Lyon, ficaram levemente feridos após os confrontos.

Onda de manifestações

Depois de se reunirem próximo a um monumento em homenagem a Taras Shevchenko, poeta e herói nacional, os manifestantes retiraram as barreiras de segurança colocadas pela polícia e seguiram rumo à Praça da Independência, lugar emblemático da "Revolução Laranja" de 2004. No sábado, dezenas de pessoas ficaram feridas quando a polícia dispersou com violência os manifestantes que estavam na praça.

O próprio Yanukovitch condenou o uso da força contra manifestantes da oposição, afirmando estar "profundamente indignado com os acontecimentos durante a noite na Praça da Independência" de Kiev. A oposição convocou a manifestação deste domingo apesar da proibição das autoridades. "As concentrações de pessoas estão proibidas até o dia 7 de janeiro de 2014" na praça da Independência, lugar tradicional das manifestações em Kiev, assim como nas ruas onde ficam muitos edifícios oficiais, como a rua do Parlamento e da sede do governo, disse à AFP a advogada Evguenia Zakrevskaia, citando uma decisão da justiça ucraniana tomada na madrugada deste domingo.

O presidente do partido opositor Oudar, Vitali Klitschko, afirmou que "somente juntos poderemos mudar a situação do país. Por isso, é preciso sair às ruas e mostrar nossa posição de forma pacífica". Em carta lida neste sábado por sua filha Evguenia, a opositora presa e ex-primeira ministra Yulia Timoshenko também pediu a queda do governo. "Não abandonem as ruas até que o regime tenha sido derrubado de forma pacífica", disse Timoshenko, que cumpre uma pena de sete anos de prisão e cuja libertação é pedida pela UE.

Na noite de sábado cerca de 10.000 pessoas se manifestaram em Kiev na praça Mijailovskoe, próxima à praça da Independência, segundo estimativas feitas pela AFP. Durante toda a noite de sábado buzinas eram ouvidas em diversos pontos da cidade, e muitos motoristas passavam com bandeiras ucranianas e europeias. Cerca de 500 pessoas passaram a noite na praça, e fizeram fogueiras para se aquecer.

Os manifestantes denunciam a postura de Yanukovitch, que não quis firmar um acordo com a União Europeia, e o acusam de colocar o país nas mãos da Rússia. Neste domingo o primeiro ministro ucraniano, Mykola Azarov, anunciou que Yanukovitch viajará à Rússia nos próximos meses, apesar de o presidente afirmar que quer se aproximar da UE. "Farei o possível para acelerar o processo de aproximação da Ucrânia com a União Europeia para evitar perdas e a deterioração do nosso padrão de vida", disse em comunicado, lamentando os confrontos em Kiev.

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