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ArcelorMittal aposta na recuperação do setor automobilístico nos EUA

O dono do gigante siderúrgico anunciou em novembro que o grupo superou a queda e não demorou muito a passar das palavras à ação

Agência France-Presse
postado em 02/12/2013 18:06
A ArcelorMittal aposta na recuperação do setor automobilístico nos Estados Unidos ao comprar, com a japonesa Nippon Steel, uma siderúrgica em Calvert (Alabama) de sua concorrente alemã ThyssenKrupp que, assim, sai de um abismo financeiro e obtém um contrato para sua fábrica brasileira.

"Enquanto fornecedores de aço à indústria automobilística do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Canadá, Estados Unidos e México), com esta aquisição reforçamos nossas posições em um mercado que se recupera com força da crise", comemorou no domingo o presidente Lakshmi Mittal em coletiva de imprensa telefônica.

O dono do gigante siderúrgico anunciou em novembro que seu grupo superou a queda e não demorou muito a passar das palavras à ação: menos de um mês depois, comprou por 1,55 bilhão de dólares uma fábrica que ambicionava pelo menos há um ano e que completa sua fábrica de Indiana para alimentar o setor automobilístico.



Abalada pela crise que derrubou as vendas do setor automobilístico na Europa e nos Estados Unidos, muito endividado (17,8 bilhões de dólares até 30 de setembro), a ArcelorMittal tem na Nippon Steel o sócio que precisava para dividir em partes iguais a compra do "local estratégico da Calvert".

Situada no golfo do México, esta fábrica "está situada no local ideal para fornecer aço à indústria automobilística norte-americana e à mexicana", explica o presidente, que vê boas perspectivas de crescimento no setor energético com a exploração no golfo.

Seu filho, Aditya Mittal, descartou que esta aquisição tenha um impacto no objetivo do grupo de reduzir sua dívida a 15 bilhões de dólares a médio prazo.

Quanto ao preço, inferior aos 2 bilhões previstos pelos analistas, está muito abaixo dos 12 bilhões de euros que a ThyssenKrupp reconheceu ter investido nesta fábrica em estado tão impecável que a Mittal não vê nenhuma necessidade de investir.

Fábrica brasileira

Poço sem fundo financeiro para o grupo alemão, a Thyssen vendeu a fábrica a qualquer preço, mas sem conseguir se desfazer de sua fábrica brasileira, que fornece placas a Calvert e foi o centro das negociações.

A Mittal consentiu em assinar um contrato com o conglomerado alemão para o fornecimento de dois milhões de toneladas anuais durante seis anos pela fábrica brasileira Cia. Siderúrgica do Atlântico (CSA), que assim terá garantida 40% de sua capacidade até 2019.

O presidente da ArcelorMittal voltou a descartar domingo a possibilidade de comprar esta fábrica mais adiante. Contudo, informou que o contrato manterá sua vigência mesmo que a fábrica brasileira mude de mãos até 2019.

Como pode ser rentável para a ArcelorMittal uma fábrica que foi um desastre financeiro para a ThyssenKrupp? O presidente tem uma solução muito simples: "Vamos cortar a cadeia logística", explicou.

Em outras palavras, a fábrica de Calvert já não dependerá só das placas importadas por barco do Brasil, uma situação que tirava flexibilidade da fábrica de Alabama em relação à demanda nos Estados Unidos e a tornava mais sensível às flutuações do real brasileiro.

Embora continue com o fornecimento do Brasil, a ArcelorMittal dispõe de uma fábrica em Indiana (centro dos EUA) e outra no México, muito mais próxima, e assim poderá alimentar Calvert com maior facilidade. Além disso, o preço das placas será o determinado nos Estados Unidos.

Mittal espera, sobretudo, aumentar a produção da fábrica para responder à demanda crescente do mercado automobilístico, que estima de deve aumentar de 3 a 3,5% este ano.

"O mercado norte-americano de automóveis retomou seus níveis anteriores à crise", explicou, e aposta em uma alta do mercado de "15% nos próximos dez anos".

Por outro lado, a situação na Europa não lhe inspira otimismo: "continuamos mais de 20% abaixo dos níveis de 2007", lamentou.

Além disso, um custo da energia mais vantajoso torna "os Estados Unidos mais competitivos" que a Europa para produzir aço, disse Mittal, e enquanto os custos energéticos forem tão altos na Europa "o crescimento será lento".

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