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Ministros reafirmam estabilidade, apesar de mudanças geopolíticas

Negociadores de petróleo da Arábia Saudita, primeiro produtor mundial, e do Iraque, agora o segundo país mais influente da Organização de Países Exportadores de Petróleo

Agência France-Presse
postado em 03/12/2013 17:13
Viena - Os ministros do Petróleo da OPEP, reunidos em Viena, deixaram clara sua intenção de manter seu teto de produção e o barril de petróleo em torno dos 100 dólares, apesar da instabilidade na Líbia e o aumento das exportações do Irã.

Os negociadores de petróleo da Arábia Saudita, primeiro produtor mundial, e do Iraque, agora o segundo país mais influente da Organização de Países Exportadores de Petróleo, expressaram sua satisfação com os atuais preços do barril, que oscila ao redor dos cem dólares, na véspera da reunião do cartel na quarta-feira em Viena.

[SAIBAMAIS]Por isso, não é necessário modificar o teto de produção conjunta da OPEP, que se situa em cerca de 30 milhões de barris diários (mbd), concordaram os ministros de Petróleo saudita e iraquiano, Ali al Naimi e Abdel Karim al Luyabi respectivamente.

"Por que querem mudar (o teto de produção), se os preços são bons, para produtores e consumidores?", disse o ministro saudita, o que confirmou as previsões do mercado de que os 12 países da OPEP, entre os quais estão Venezuela e Equador, prorrogarão até junho de 2014 sua decisão, tomada em dezembro de 2011, de manter sua produção em cerca de 30 mbd.

"O mercado está em equilíbrio", destacou o responsável pelo Petróleo do Iraque, que reconheceu, contudo, que os distúrbios na Líbia, que afetaram a produção petroleira desse país, podem significar que outros países tenham que aumentar sua produção, para cumprir a quota coletiva da OPEP, que equivale a cerca da terça parte do consumo mundial de petróleo.

O Iraque, que é agora o segundo maior produtor do cartel, depois da Arábia Saudita, "exportará 3,4 milhões de barris diários (mbd) em 2014", anunciou o ministro.

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Esta reunião do cartel é marcada pelo retorno previsto das exportações iranianas, após o fim das sanções internacionais contra de Teerã por causa de seu controverso programa nuclear, o que pode representar tensões com o Iraque, seu eterno rival político.

O ministro de Petróleo de Teerã, Bijan Namdar Zangeneh Teerã, que reprova o fato de Bagdá ter aproveitado as sanções contra o país para aumentar sua quota de mercado, afirmou nesta terça-feira em Viena, que está pronto para aumentar, de imediato, sua produção e exportação aos níveis anteriores às sanções impostas em 2012, quando forem suspensas.

"Não temos dificuldades para aumentar nossas exportações e retornar a uma produção de quatro milhões de barris diários", afirmou Zanganeh, que informou que Teerã exporta atualmente 1,2 milhão de barris diários (mbd). Antes das sanções, a República islâmica exportava 2,5 mbd.

"Espero que possamos gradualmente aumentar nossas exportações com base no acordo firmado entre Irã e o grupo 5%2b1", afirmou Zanganeh, se referindo ao acordo temporário de seis meses assinado por Teerã e as grandes potências há dez dias, em Genebra, sobre o programa nuclear iraniano, em troca de um alívio nas sanções internacionais.

As sanções contra o Irã - que até então era o segundo produtor do cartel -, reduziram à metade suas exportações de petróleo, significando milionárias perdas em suas receitas do petróleo.

Contudo, o Iraque, cuja produção se recupera, após anos de guerra e de sanções, declarou em Viena que as exportações de seu país não serão afetadas pelo retorno previsto do Irã ao mercado de petróleo.

"O Iraque não tomou a quota do Irã" na OPEP, e seu retorno não afetará as exportações iraquianas, destacou o ministro de Petróleo iraquiano.

"O Iraque vende seu petróleo com base no longo prazo, por isso, o retorno do Irã não terá nenhum efeito" sobre as exportações iraquianas, acrescentou, enquanto operadores e analistas em Viena acompanham com atenção cada uma das frases dos enviados de Teerã, Bagdá e Riad, para detectar sinais de acordos ou desacordos, na mutável paisagem geopolítica da região petroleira.

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