Agência France-Presse
postado em 04/12/2013 17:53
Os ministros da Opep decidiram nesta quarta-feira (4/12), em Viena, manter inalterada sua oferta de petróleo, apesar das preocupações com o auge do petróleo de folhelho (xisto) nos Estados Unidos e o aumento das exportações no Irã e no Iraque em 2014.O teto de produção de 30 milhões de barris diários (mbd), estabelecido há dois anos, "será prorrogado por mais seis meses", anunciou a Organização de Países Exportadores de Petróleo no final de sua 164; Conferência ministerial realizada na sede da Opep em Viena.
Essa decisão busca "manter o equilíbrio do mercado", disse a Opep em um comunicado em que destacou que "o maior desafio que subsiste é a incerteza econômica global", em um contexto de "desaceleração econômica nos países emergentes" e "fragilidade da zona do euro".
O poderoso ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali al Naimi, tinha deixado claro em Viena que a Opep não alteraria seu teto de produção.
"Por que cortar?", questionou o ministro do primeiro produtor mundial de petróleo.
"Sabemos que a demanda é boa, que o crescimento econômico é bom, que o abastecimento é bom", insistiu, enquanto seu colega venezuelano, Rafael Ramírez, destacou que esse teto permitiu manter o preço do barril de referência da Opep em torno dos 100 dólares, o que é e continuará sendo a meta.
Esse preço oferece uma receita aceitável para os países produtores, sem representar uma carga muito pesada para os consumidores, consideraram os responsáveis da Venezuela e da Arábia Saudita.
Os preços de Brent oscilaram este ano entre 100 e 120 dólares o barril, caindo apenas brevemente abaixo do nível dos 100 dólares na primavera (do hemisfério norte).
Superabastecimento do mercado em 2014?
Contudo, a preocupação de um superabastecimento do mercado em 2014, por causa de um aumento das exportações do Iraque, a recuperação da indústria petroleira da Líbia, cuja produção foi prejudicada por greve e distúrbios, e o retorno do Irã, dominaram esta reunião do cartel que fornece um terço do petróleo consumido no planeta.
O ministro da Venezuela alertou que a Opep continua atenta ao aumento da produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos e Canadá.
"Sempre monitoramos a produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos", disse Ramírez à AFP, informando que esse país e o Canadá "estão produzindo mais de 1,2 milhão de barris diários" de petróleo.
Se essa produção e outros fatores como o aumento das exportações do Irã e do Iraque se refletirem em uma queda dos preços do barril, "a Opep deverá se reunir novamente para examinar os fundamentos do mercado", alertou.
A Opep marcou sua próxima reunião de 11 de junho de 2014.
Irã, potência petroleira em 2014?
O ministro iraniano, Bijan Namadar Zangeneh, destacou em Viena a ambição de seu país de se transformar em uma potência petroleira, após a suspensão das sanções, no marco de um acordo entre Teerã e as grandes potências sobre o programa nuclear iraniano.
"Essa é nossa meta, não temos outra alternativa", declarou Zangeneh, afirmando que, quando as sanções que pesam contra Teerã desde 2012, por causa de seu programa nuclear, forem suspensas, a República Islâmica produzirá 4 mbd.
O analista Bill Farren Price, que dirige a empresa Petroleum Policy Intelligence, reconheceu à AFP que há "um potencial para uma situação de superabastecimento do mercado em 2014".
A recuperação da indústria do Iraque, afetada por anos de guerra, da Líbia, que entrou em colapso, mas cujo ministro de Petróleo afirmou em Viena que entrará em funcionamento em questão de semanas, e a perspectiva da suspensão das sanções contra o Irã "poderiam se refletir em um excesso de oferta de petróleo da Opep no mercado", disse.
Em sua opinião, "isso obrigaria a um novo acordo dentro da Opep, que deverá reajustar seu sistema de quotas e encontrar outra forma de equilibrar o mercado".
Contudo, pôs em dúvida que Iraque possa colocar no mercado - como prometeu, em Viena, o ministro iraquiano - um milhão de barris a mais em 2014 ou que Irã alcance o objetivo de produzir 4 mbd em 2014.
"Acredito que o máximo que o Irã poderá produzir é 3,4 mbd, e só um ano depois da suspensão das sanções", disse Farren Price.
A Opep anunciou também que o atual secretário geral do cartel, o líbio Abdalá El Badri, ficará no cargo por mais um ano.
El Badri cumpriu dois mandatos de três anos, desde 1; de janeiro de 2007, prorrogado por mais um ano em dezembro passado, pela falta de acordo entre Arábia Saudita, Irã e Iraque, que aspiravam ao cargo.