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Kerry aborda com Netanyahu segurança de Israel após acordo com Irã

O secretário de Estado americano sempre indicou que retornaria à região quando tivesse "o sentimento de que pode contribuir pessoalmente para o avanço do processo

Jerusalém - O secretário de Estado americano John Kerry assegurou nesta quinta-feira (5/12) ao primeiro-ministro israelense Benjamim Netanyahu que a segurança de Israel é uma prioridade, no primeiro encontro após a conclusão do acordo sobre o programa nuclear iraniano. Após mais de três horas de discussões no gabinete do primeiro-ministro em Jerusalém, Kerry se dirigiu a Ramallah, na Cisjordânia, onde se reúne com o presidente palestino Mahmud Abbas.



Sobre este assunto, "a segurança de Israel também primordial", garantiu Kerry, que citou a participação nas negociações do general John Allen, ex-chefe da coalizão internacional no Afeganistão e conselheiro especial para o Oriente Médio. "Nesta manhã, o general Allen e eu apresentamos ao primeiro-ministro Netanyahu e a seu comandante militar ideias sobre esta questão de segurança", indicou. Netanyahu exige que um futuro Estado palestino seja desmilitarizado e que Israel possa manter uma presença militar a longo prazo no Vale do Jordão, ao longo da fronteira com a Jordânia.

Os palestinos rejeitam qualquer presença militar israelense em seu território após um acordo de paz, mas aceitam a presença de uma força internacional, uma opção rejeitada por Israel. O vice-ministro israelense da Defesa, Danny Danon, membro da ala radical do Likud, partido de direita de Netanyahu, rejeitou nesta quinta-feira qualquer compromisso sobre o Vale do Jordão.

"Israel não vai mudar as suas necessidades de segurança fundamentais na terra dos palestinos", disse ele, de acordo com um comunicado. "Depois do desastre de Genebra, não vamos permitir que o secretário de Estado Kerry nos force a outro mau negócio", acrescentou, reiterando que "nós não vamos comprometer nossa segurança, mesmo que isso signifique dizer não para o nosso aliado mais próximo".

John Kerry conseguiu relançar no final de julho as negociações de paz entre Israel e os palestinos, por um período de nove meses, até o final de abril de 2014. Segundo Abbas, "as negociações atravessam grandes dificuldades por causa dos obstáculos criados por Israel". Ele advertiu que, se as negociações de paz com Israel fracassarem, irá se sentir livre para recorrer a organismos internacionais e de aderir a todas as convenções internacionais, em referência às prerrogativas obtidas desde que em 29 de novembro de 2012 a ONU reconheceu a Palestina como um Estado observador.