Agência France-Presse
postado em 05/12/2013 09:58
Jerusalém - O secretário de Estado americano John Kerry assegurou nesta quinta-feira (5/12) ao primeiro-ministro israelense Benjamim Netanyahu que a segurança de Israel é uma prioridade, no primeiro encontro após a conclusão do acordo sobre o programa nuclear iraniano. Após mais de três horas de discussões no gabinete do primeiro-ministro em Jerusalém, Kerry se dirigiu a Ramallah, na Cisjordânia, onde se reúne com o presidente palestino Mahmud Abbas."A segurança de Israel nesta negociação está em primeiro lugar de nossa agenda", declarou Kerry à imprensa, assegurando que os Estados Unidos "farão tudo em seu poder" para impedir o Irã de obter armas atômicas. "Uno-me ao presidente Barack Obama para expressar ao povo israelense nosso profundo compromisso com a segurança de Israel", insistiu, acrescentando que o governo americano está de acordo com "o princípio de que Israel é um país que deve poder se defender ele mesmo e por si mesmo".
"O vínculo entre Estados Unidos e Israel é inquebrantável", reiterou o chefe da diplomacia americana, embora tenha reconhecido que havia "divergências ocasionais sobre as medidas táticas". A reunião se concentrou na aplicação do acordo firmado em 24 de novembro em Genebra entre a República Islâmica e as grandes potências.
Este acordo, ao qual Israel se opunha, limita as atividades nucleares iranianas em troca de um levantamento parcial das sanções internacionais. A imprensa israelense acredita que a aspereza de Netanyahu, cujas advertências públicas não foram suficientes para dissuadir os Estados Unidos de concluir o que é um "mau negócio" em seus olhos, poderia pesar nos encontros com Kerry.
[SAIBAMAIS]Entre os membros do governo, a opinião dominante é a de que "Kerry mostrará mais simpatia pela posição de Israel após ter sido forçado a engolir a pílula amarga do acordo de Genebra", indica o jornal Maariv. Quanto às negociações de paz israelenses-palestinas, Kerry declarou que "as partes seguem comprometidas (...) e se reúnem regularmente".
Netanyahu declarou, por sua vez, que "se o processo deve continuar, precisamos ter uma negociação ininterrupta", em alusão à suspensão das negociações em novembro pela delegação palestina em protesto contra a deterioração da situação em terra e do rumo que as negociações tomaram. O primeiro-ministro pediu para que se evite as "crises artificiais".
Sobre este assunto, "a segurança de Israel também primordial", garantiu Kerry, que citou a participação nas negociações do general John Allen, ex-chefe da coalizão internacional no Afeganistão e conselheiro especial para o Oriente Médio. "Nesta manhã, o general Allen e eu apresentamos ao primeiro-ministro Netanyahu e a seu comandante militar ideias sobre esta questão de segurança", indicou. Netanyahu exige que um futuro Estado palestino seja desmilitarizado e que Israel possa manter uma presença militar a longo prazo no Vale do Jordão, ao longo da fronteira com a Jordânia.
Os palestinos rejeitam qualquer presença militar israelense em seu território após um acordo de paz, mas aceitam a presença de uma força internacional, uma opção rejeitada por Israel. O vice-ministro israelense da Defesa, Danny Danon, membro da ala radical do Likud, partido de direita de Netanyahu, rejeitou nesta quinta-feira qualquer compromisso sobre o Vale do Jordão.
"Israel não vai mudar as suas necessidades de segurança fundamentais na terra dos palestinos", disse ele, de acordo com um comunicado. "Depois do desastre de Genebra, não vamos permitir que o secretário de Estado Kerry nos force a outro mau negócio", acrescentou, reiterando que "nós não vamos comprometer nossa segurança, mesmo que isso signifique dizer não para o nosso aliado mais próximo".
John Kerry conseguiu relançar no final de julho as negociações de paz entre Israel e os palestinos, por um período de nove meses, até o final de abril de 2014. Segundo Abbas, "as negociações atravessam grandes dificuldades por causa dos obstáculos criados por Israel". Ele advertiu que, se as negociações de paz com Israel fracassarem, irá se sentir livre para recorrer a organismos internacionais e de aderir a todas as convenções internacionais, em referência às prerrogativas obtidas desde que em 29 de novembro de 2012 a ONU reconheceu a Palestina como um Estado observador.