postado em 08/12/2013 09:06
Não são apenas as palavras de Nelson Mandela que permanecem no imaginário daqueles que tiveram a oportunidade de acompanhá-lo ao menos uma vez. A presença dele, por si só, emanava os ideais de igualdade e de respeito entre as pessoas ; valores pregados nos discursos do líder sul-africano. Aquele homem simples, de sorriso fácil e olhar sereno, não transmitia o sofrimento de quase três décadas de prisão. Pelo contrário, chamava a atenção pelo jeito afável. Provocava comoção por onde passava. Todos queriam estar perto dele, trocar algumas palavras, tocá-lo. E, no Brasil, não foi diferente durante as duas visitas que fez, em 1991 e 1998.
Mandela esteve na Universidade de Brasília (UnB) em agosto de 1991 para receber o título de Doutor Honoris Causa. O líder antiapartheid tinha saído da prisão havia pouco mais de um ano. Visitara a instituição um ano após o Brasil realizar a primeira eleição direta para presidente, depois da ditadura militar. Foi recebido pelo então chefe do Executivo, Fernando Collor de Melo; pelo reitor à época, Antônio Ibañez; e por uma multidão que almejava se aproximar dele. Gente de todas as idades, ávida por conhecer aquele homem, símbolo da luta contra o preconceito racial. Naquela época, a UnB também vivia um momento de efervescência e de discussões.
Joseana Paganine, 42 anos, moradora da Asa Sul, cursava jornalismo na UnB e estagiava na Secretaria de Comunicação quando Madiba esteve em Brasília. Recebeu a missão de fotografá-lo durante a cerimônia de entrega do diploma. Mas ela também nutria uma vontade pessoal de acompanhá-lo e de fazer parte do momento histórico. ;Havia pouco tempo que ele tinha saído da prisão e lutava contra o apartheid, por isso existia uma comoção muito grande em torno de Mandela. Fiquei impressionada com a altivez dele, tinha um sorriso muito franco;, comentou. Até hoje, Joseana guarda as fotos daquele dia. ;Era uma responsabilidade muito grande fotografar, eu era uma menina. Me concentrei para não perder o foco e ser tomada pela emoção.;
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