Agência France-Presse
postado em 08/12/2013 09:48
Joanesburgo - Os sul-africanos foram convocados neste domingo a "rezar, cantar e dançar" em homenagem ao seu primeiro presidente negro, Nelson Mandela, falecido na quinta-feira aos 95 anos, no primeiro dia de uma semana de luto oficial que terminará com seu enterro no dia 15 de dezembro.Na manhã deste domingo, a grande igreja católica Regina Mundi de Soweto, o antigo gueto negro que foi o centro da resistência ao apartheid, estava praticamente lotada para a missa das 07h00.
O sacerdote Sebastian Rossouw convocou seus fiéis a orar por Mandela, "uma luz na escuridão", destacando "sua humildade e capacidade para perdoar".
No entanto, "como todos os seres humanos, Madiba não era perfeito", declarou o padre, se referindo a Nelson Mandela pelo nome de seu clã, como fazem frequentemente os sul-africanos de maneira afetuosa.
Em frente à igreja, um grupo de paroquianos que aguardava a segunda missa do dia aproveitava para rezar. Não eram ouvidos choros ou lamentos.
[SAIBAMAIS]
Olga Mbeke, de 60 anos, lembra a época violenta do apartheid. "Durante nossos comícios aqui rezávamos pelos combatentes, incluindo Mandela. Lutou por nós, agora deve encontrar o descanso. Oramos pela paz de sua alma", disse.
No sábado, o presidente Jacob Zuma fez um emotivo apelo a todos os sul-africanos, pedindo que participassem do dia nacional de oração e de reflexão neste domingo. "Devemos, ainda que choremos, cantar com a voz mais forte possível, dançar e fazer o que quisermos fazer, para celebrar a vida deste revolucionário excepcional que manteve vivo o espírito de liberdade e nos conduziu a uma nova sociedade", declarou Zuma.
O Congresso Nacional Africano, o partido no poder, cujo líder mais famoso foi Mandela, dará o exemplo enviando seus líderes a diversas igrejas protestantes, a uma sinagoga e a um templo budista.
Uma semana de homenagem
As homenagens começaram desde o anúncio do falecimento do prêmio Nobel da Paz 1993, a quem é atribuído o mérito de ter evitado uma guerra civil no país no início dos anos 1990.
Os meios de comunicação só falam de Mandela, e milhares de sul-africanos se mobilizaram para homenageá-lo em locais simbólicos: em frente a sua casa de Johannesburgo - onde faleceu na quinta-feira -, em frente a sua antiga casa de Soweto, diante da presidência em Pretória, no município de El Cabo, onde fez seu primeiro discurso como homem livre, em 1990, depois de ter passado 27 anos nas prisões do apartheid, e diante de sua casa de Qunu (sul), onde será enterrado.
Depois das orações deste domingo, a semana continuará na segunda-feira com uma homenagem no Parlamento, seguida na terça-feira por uma cerimônia oficial no estádio de Soccer City, em Soweto.
Os restos mortais de Mandela serão levados em procissão por Pretória na quarta, quinta e sexta-feira e velados no Union Building, a sede da presidência sul-africana em Pretória, para que seus compatriotas possam dar a ele um último adeus.
No dia 15 de dezembro será realizado um funeral de Estado em seu povoado natal, Qunu. Uma cerimônia de adeus ocorrerá no próximo sábado em uma base militar dos arredores de Pretória em homenagem ao herói da luta contra a segregação racial, antes de ser levado a sua última morada, em sua província natal de El Cabo oriental (sul).
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Ao chegar, será conduzido em procissão ao longo dos 40 km que separam o aeroporto de Mthatha e Qunu, a aldeia de sua infância, onde dizia ter passado os anos mais felizes de sua vida. Sua tribo Thembu o receberá com uma cerimônia tradicional.
Nelson Mandela será enterrado no dia 15 de dezembro em Qunu, junto aos seus pais e a três de seus filhos. Na África do Sul são esperados chefes de Estado e de Governo, atuais ou que exerceram seus cargos no passado, membros das famílias reais, artistas e líderes espirituais do mundo inteiro.