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Ucrânia: Centenas de milhares pró-europeus pedem renúncia do presidente

Entre 250.000 e 300.000 pessoas lotaram a Praça da Independência, o local emblemático da Revolução Laranja de 2004

Agência France-Presse
postado em 08/12/2013 14:51

Entre 250.000 e 300.000 pessoas lotaram a Praça da Independência, o local emblemático da Revolução Laranja de 2004

Kiev - Várias centenas de milhares de ucranianos favoráveis à União Europeia protestaram neste domingo em Kiev pedindo a renúncia do presidente Viktor Yanukovich, acusado de "vender" a Ucrânia à Rússia após sua rejeição em assinar um acordo de associação com a UE.

Entre 250.000 e 300.000 pessoas lotaram a Praça da Independência, o local emblemático da Revolução Laranja de 2004, assim como as ruas próximas, ao grito de "Renúncia", constatou a AFP.

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[SAIBAMAIS]"Estamos aqui pelo futuro europeu da Ucrânia, por nossos filhos e netos. Queremos que a justiça reine em todo o mundo e que o poder deixe de roubar", declarou à AFP um aposentado de 52 anos, Viktor Melnichuk.

Segundo os organizadores, o número de manifestantes se aproximou de um milhão, enquanto a polícia o estimou em 60.000 opositores e em 15.000 os presentes em uma manifestação de apoio a Yanukovich em frente ao Parlamento.

Arseni Yatseniuk, um dos líderes da oposição, convocou os manifestantes a aumentarem a contestação e a bloquearem o bairro governamental.

Os manifestantes ergueram várias barracas perto da sede do governo e começaram a levantar barricadas com cestas de flores, segundo imagens divulgadas pela televisão ucraniana.

Pouco depois da grande manifestação, os Serviços Especiais Ucranianos (SBU) anunciaram a abertura de uma investigação por tentativa de tomada de poder após as ações ilegais de alguns políticos, sem citar quais, que podem enfrentar até 10 anos de prisão.

Europa ou a ditadura

Já a ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Timoshenko pediu a renúncia imediata de Yanukovich, em uma declaração lida em um comício em Kiev por sua filha.

"Nosso objetivo é a renúncia imediata de Yanukovich como presidente da Ucrânia", declarou Yevguenia Timoshenko citando sua mãe em uma mensagem enviada desde a prisão. "Hoje podemos decidir entre afundarmos em uma ditadura corrupta ou a volta ao lar, na Europa", acrescentou.

No domingo passado, entre 200.000 e 500.000 pessoas, segundo as fontes, protestaram na praça depois de terem sido desalojadas à força dois dias antes pela polícia, em uma operação que deixou dezenas de feridos, muitos deles estudantes. No sábado, cerca de mil pessoas protestaram no mesmo local, também conhecido pelo nome de Maidan.

A rejeição do presidente em assinar um acordo de associação com a União Europeia (UE) negociado durante meses afundou este país de 46 milhões de habitantes em uma crise política sem precedentes desde a Revolução Laranja.

A tensão aumentou após uma reunião entre Yanukovich e o presidente russo, Vladimir Putin, na sexta-feira, para discutir um acordo de associação estratégica entre os dois países.

Os europeus acusam a Rússia de ter exercido pressões econômicas e ameaças inaceitáveis sobre a Ucrânia, que atravessa uma crise econômica e financeira, para que o país renuncie à associação com a UE.

Já a oposição denunciou no sábado a intenção de Yanukovich de assinar este acordo com o objetivo de fazer a Ucrânia aderir à união aduaneira de repúblicas soviéticas liderada por Moscou.

Os rumores deste possível acordo com a Rússia foram recebidos com preocupação nas fileiras da oposição, que protesta há duas semanas nas ruas.

O primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, classificou estas informações de "mentiras e provocações".

Já o boxeador Vitali Klitshko, outro líder da oposição, convocou uma greve geral.

"Estou certo de que somos capazes de derrubar o poder", declarou.

A oposição pede a organização de eleições antecipadas e a punição dos responsáveis pela violência policial, assim como a libertação das pessoas detidas por distúrbios.

A Ucrânia está há mais de um ano em recessão e tem um enorme déficit público que pode levar o país à quebra, segundo analistas e investidores, que acreditam que Moscou pode abaixar o preço do gás que vende ao país se o governo ucraniano desistir de se aproximar da Europa.

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