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Presidente ucraniano dialogará com oposição que se mantém nas ruas

O presidente apoia a iniciativa de uma mesa redonda proposta pelo ex-presidente Leonid Kravchuk, "que poderá ser um espaço para chegar a um entendimento"

Agência France-Presse
postado em 09/12/2013 10:20
Kiev - A presidência ucraniana anunciou nesta segunda-feira (9/12) que o presidente Viktor Yanukovich, que apoia uma série de contatos com a oposição, se reunirá com três ex-presidentes ucranianos, após duas semanas de manifestações opositoras. O presidente apoia a iniciativa de uma mesa redonda proposta pelo ex-presidente Leonid Kravchuk, "que pode ser um espaço para chegar a um entendimento", afirmou a presidência em um comunicado.

Manifestante martela em estátua de Vladimir Lenin, que foi derrubada em protesto, em Kiev
Além disso, Yanukovich se encontrará com três ex-presidentes ucranianos, Kravchuk, Leonid Kuchma e Viktor Yushenko, para discutir temas chaves para o país, acrescentou. Centenas de manifestantes ucranianos partidários da adesão à União Europeia (UE) seguiam mobilizados nesta segunda-feira em Kiev, apesar do frio e da neve, um dia depois de uma demonstração de força que reuniu centenas de milhares de pessoas contra o governo.

Ao amanhecer, entre 200 e 300 pessoas estavam reunidas ao redor do palco instalado na Praça da Independência, centro do protesto, onde alguns sacerdotes faziam orações e pessoas discursavam, constatou a AFP. Sob uma temperatura de -4 graus Celsius e uma nevasca que cobria o centro da capital ucraniana, outras dezenas de manifestantes opositores protegiam as barracas levantadas atrás do palco e as barricadas colocadas em vários pontos do bairro vizinho onde se encontram os principais edifícios do poder político: a presidência, o Parlamento e a sede do governo.

[SAIBAMAIS]"Queremos demonstrar que estamos presentes e que vamos resistir: nosso objetivo é a renúncia do presidente e do governo", declarou Yuri Maiboroda, de 53 anos, que se encontrava ao lado de uma barricada, com um gorro coberto de neve. "É impossível voltar atrás", afirmou Volodimir Kiblik, que se encontrava ao lado de Maiboroda. Ambos viajaram à capital há duas semanas procedentes da cidade de Znamenka, no centro deste país de 46 milhões de habitantes. "Em 2004 foi igual e conseguimos resistir", acrescentou.



Por sua vez, cem pessoas partidárias do governo se reuniram em um parque situado junto ao Parlamento. A rejeição do presidente Viktor Yanukovich em assinar um acordo de associação com a UE, negociado durante meses, afundou a Ucrânia em uma crise política sem precedentes desde a chamada Revolução Laranja de 2004, que permitiu a chegada de líderes pró-ocidentais ao poder. Posteriormente, depois de triunfar nas eleições presidenciais, Yanukovich chegou ao poder em 2010.

Os líderes da UE acusam a Rússia de ter exercido pressões econômicas e ameaças inaceitáveis sobre a Ucrânia para que renunciasse à associação com a União Europeia. Centenas de milhares de opositores ucranianos protestaram no domingo em Kiev pedindo a renúncia de Yanukovich, acusado de "vender" a Ucrânia à Rússia após sua rejeição em assinar um acordo de associação com a UE. Entre 250 mil e 300 mil pessoas lotaram a Praça da Independência, o local emblemático da pró-ocidental Revolução Laranja, assim como as ruas próximas.

Segundo os organizadores, o número de manifestantes se aproximou de um milhão, enquanto a polícia estimou em 60 mil os opositores e em 15 mil os presentes em uma manifestação de apoio a Yanukovich diante do Parlamento. Trinta manifestantes com os rostos cobertos derrubaram uma estátua de Lênin de 3,5 metros erguida na praça central de Kiev, indicou a polícia.

Também no domingo, o presidente ucraniano e seu colega da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, concordaram que a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, participe na próxima semana de uma missão de conciliação em Kiev. A Comissão confirmou nesta segunda-feira que Ashton viajará à Ucrânia na terça-feira. Por sua vez, reunidos em Bucareste, os chanceleres de Romênia, país vizinho da Ucrânia, e Geórgia convocaram o governo ucraniano a dialogar.

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