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Protesto contra governo reúne 140 mil em Bangcoc

Os líderes opositores já afirmaram que não vão se conformar com a convocação de eleições, o que causou um bloqueio político que gera riscos de confrontos violentos entre manifestantes e policiais

Agência France-Presse
postado em 09/12/2013 19:46
Bangcoc - Uma enorme manifestação contra o governo reuniu mais de 140 mil pessoas nesta segunda-feira no centro de Bangcoc, apesar da decisão da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, de convocar eleições antecipadas na Tailândia. Shinawatra anunciou nesta segunda a dissolução do Parlamento e convocou eleições "o mais cedo possível", em uma nova tentativa de sair da crise política que vive o país.

Apesar do anúncio do governo, o líder do movimento opositor, Suthep Thaugsuban, convocou seus partidários a "seguir na luta". "Meus partidários querem mais que a dissolução" do Parlamento, afirmou Suthep Thaugsuban, cuja posição foi reforçada pelo protesto que reuniu milhares de pessoas nas ruas de Bangcoc nesta segunda.

Mais cedo, em discurso à Nação, Shinawatra informou ter convocado eleições legislativas "com base em consultas com as diferentes partes", e após submeter "a dissolução do Parlamento à aprovação do rei". "O governo está disposto a dissolver o Parlamento, se a oposição assim desejar", disse a primeira-ministra, indicando que as eleições devem acontecer em um prazo de 60 dias.

"Se os manifestantes ou um importante partido político não quiserem participar ou não aceitarem os resultados das eleições, apenas vão prolongar o conflito", acrescentou. No domingo, o principal partido da oposição (Democrata) na Tailândia anunciou a renúncia de todos os seus deputados, agravando ainda mais a crise política que afeta o país há várias semanas.

Os líderes opositores já afirmaram que não vão se conformar com a convocação de eleições, o que causou um bloqueio político que gera riscos de confrontos violentos entre manifestantes e policiais, como já ocorreu na semana passada. Os 140.000 manifestantes desta segunda-feira caminharam por várias ruas da capital até a região dos principais edifícios do governo.

"Não queremos mais política. Não queremos mais eleições. Apenas os manifestantes podem escolher o próximo governo. Nós elegemos, depois o rei o nomeia", declarou um manifestante que pediu anonimato. A situação permanece muito tensa após vários dias de confrontos na semana passada, quando a polícia usou gás lacrimogêneo, jatos de água e balas de borracha contra manifestantes, que responderam com pedras.

Manifestantes e policiais respeitaram uma trégua temporária a partir de quarta-feira, com exceção de uma ala radical, por ocasião do aniversário do rei Bhumibol na quinta-feira. Os manifestantes também querem o fim do que chamam e "sistema Thaksin", pelo nome do irmão de Yingluck, ex-primeiro-ministro derrubado por um golpe de Estado em 2006 e que, apesar de seu exílio, permanece no centro da política do reino.

Um projeto de lei de anistia que foi elaborado na medida para Thaksin, segundo a oposição, provocou os protestos. O ex-premiê se exilou para escapar de uma condenação por desvio de recursos públicos. Em 2010, cerca de 100.000 "camisas vermelhas" partidários de Thaksin ocuparam o centro de Bangcoc para exigir a renúncia do governo na época, em um protesto que foi violentamente reprimido pelo Exército.

A crise, que deixou cerca de 90 mortos e 1.900 feridos, criou profundas divisões na sociedade entre as massas rurais e urbanas desfavorecidas do norte e do nordeste, fiéis a Thaksin, e as elites da capital que gravitam em torno do palácio real, que as veem como uma ameaça à monarquia.

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