Agência France-Presse
postado em 10/12/2013 09:03
Bangcoc - A primeira-ministra tailandesa, Yingluck Shinawatra, se negou nesta terça-feira (10/12) a ceder à pressão dos manifestantes que exigem sua renúncia e pediu o fim dos protestos. Os manifestantes, uma aliança entre as classes altas de Bangcoc ligadas à oposição e grupos ultramonárquicos, exigem há um mês nas ruas da capital do país o fim do que chamam de "sistema Thaksin", o nome do irmão de Yingluck.
[SAIBAMAIS]Thaksin, primeiro-ministro derrubado em um golpe de Estado em 2006, continua sendo uma peça chave da política tailandesa, apesar do exílio. Tem o apoio incondicional da população rural e urbana mais pobre, mas a elite da capital o odeia e o considera uma ameaça para a monarquia. Na segunda-feira, em uma tentativa de acabar com a crise política, o governo anunciou a dissolução do Parlamento e eleições antecipadas em fevereiro, como desejavam os manifestantes, mas os opositores decidiram permanecer nas ruas.
[SAIBAMAIS]"Os manifestantes conseguiram o que queriam e dissolvi o Parlamento para devolver o poder ao povo", disse Yingluck Shinawatra. "Por isso, agora quero pedir que parem e que utilizem o sistema eleitoral para escolher o próximo governo", completou a primeira-ministra, antes de insistir que o governo tem a obrigação legal de trabalhar até as próximas eleições. Yingluck Shinawatra, visivelmente abalada, reagiu à exigência dos manifestantes de que sua família abandone a Tailândia. "Recuei em tudo o que podia, sejam um pouco justos comigo", afirmou.
O principal partido de oposição, o Partido Democrata, que anunciou a renúncia aos cargos de seus 150 deputados no domingo, ainda não reagiu ao anúncio de novas eleições. Mas alguns analistas acreditam que a formação pretende boicotar a votação. O partido governista, Puea Thai, que segundo os analistas tem chances de vencer as eleições, indicou que Yingluck Shinawatra voltará a liderar sua lista eleitoral, mas a primeira-ministra não confirmou a informação e disse que ainda não discutiu a questão com os dirigentes do partido.
Os partidos favoráveis a Thaksin, várias vezes dissolvidos pela justiça, ganharam todas as eleições nos últimos 10 anos, mas desde 2006 nenhum dos governos vinculados ao bilionário conseguiu concluir um mandato, expulsos por intervenções da justiça ou do exército, acompanhadas por manifestações. O atual movimento de protesto foi provocado por um projeto de lei de anistia que, segundo os críticos, teria permitido o retorno de Thaksin, exilado para escapar da prisão por fraude financeira.
Apesar do Senado ter rejeitado o projeto, os protestos continuam no país. Na semana passada, vários ministérios e prédios públicos foram ocupados. Uma tentativa de tomar a sede do governo provocou confrontos entre a polícia e os manifestantes. A violência nas ruas provocou um balanço de cinco mortos e mais de 200 feridos.