No entanto, em um aceno à oposição, Yanukovich disse que o Ministério Público solicitou a libertação de alguns dos manifestantes detidos durante confrontos com a polícia nos últimos dias. O presidente também anunciou que uma delegação de alto nível visitará Bruxelas na quarta-feira para discutir um pacto de integração com a UE.
Nas ruas de Kiev, apesar das declarações do chefe de Estado, as forças de segurança ucranianas mantiveram a pressão na madrugada desta terça-feira. A polícia desmontou as barricadas dos opositores que bloqueavam os prédios públicos em Kiev, em uma operação que deixou feridos e confinou a mobilização à Praça da Independência, poucas horas antes da chegada de Ashton, constatou a AFP.
Durante sua visita, Ashton, que se reunirá com o presidente Yanukovich, tentará aproximar as posições do governo ucraniano e da oposição. Apesar disso, não será realizada uma "mediação formal", que é uma tarefa das "forças políticas ucranianas", indicou a UE. Ashton disse temer que a pressão das forças de segurança sobre os manifestantes complique uma solução para a crise política na Ucrânia.
Os confrontos eclodiram durante a madrugada, quando os policiais desalojaram os manifestantes que mantinham uma barricada nas proximidades da sede da presidência. Vários manifestantes foram agredidos com cassetetes.
Segundo o partido de oposição Svodoba, que tinha representantes no local, dez manifestantes ficaram feridos e um deles fraturou as costelas. Um jornalista da AFP também viu três policiais feridos.
[SAIBAMAIS]As forças de segurança iniciaram na tarde de segunda o processo de retirada das barricadas montadas pelos manifestantes pró-UE em vários pontos do bairro da capital ucraniana que abriga a Presidência, a sede do governo e o Parlamento. O bairro amanheceu sem barricadas e com policiais controlando o acesso às proximidades da sede do governo.
Quase 300 manifestantes permaneciam na Praça da Independência, a uma temperatura de sete graus negativos. Na segunda-feira (9/12), o vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden comunicou a Yanukovich sua "profunda preocupação" a respeito de uma possível escalada da violência na Ucrânia.
A oposição acredita que o presidente prepara em segredo a entrada da Ucrânia, que está em uma difícil situação econômica, em uma união alfandegária da Rússia com ex-repúblicas soviéticas.
No fim da tarde de segunda-feira, as forças oficiais obrigaram dezenas de manifestantes que bloqueavam a sede do governo a recuar, em uma operação que não resultou em confrontos.
O partido Batkivshchina, da líder opositora detida Yulia Timoshenko - ex-primeira-ministra e uma das figuras da Revolução Laranja de 2004 - afirmou que a polícia invadiu sua sede em Kiev.