Dacca - Bangladesh era cenário nesta sexta-feira (13/12) de uma onda de violência após a execução de um líder islamita considerado responsável por massacres durante guerra de independência em 1971.
Abdul Quader Molla, de 65 anos, era um dirigente do partido Jamaat e-Islami chamado pelos procuradores de "açougueiro de Mirpur", subúrbio de Dacca onde cometeu a maioria das atrocidades de que era acusado.
Molla foi enforcado na quinta-feira à noite, depois que o Tribunal Supremo rejeitou o último recurso contra a decisão. Foi a primeira execução de um dos condenados à morte por um polêmico tribunal criado em Bangladesh para julgar os crimes de guerra cometidos em 1971. Após a execução, simpatizantes islamitas expressaram a revolta e jogaram bombas incendiárias contra estações ferroviárias, colocaram fogo em edifícios de empresas próximas ao governo e bloquearam estradas.
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Dois manifestantes e dois ativistas do Awami League, o partido governista, morreram durante confrontos nesta sexta-feira. As autoridades reforçaram as medidas de segurança na capital, Dacca. Bangladesh também passa por uma crise política entre governo e oposição sobre a organização das próximas eleições legislativas.
À frente de uma milícia pró-Paquistão que lutava pela independência do país, Abdul Quader Molla foi declarado culpado de estupros e assassinatos de mais de 350 civis desarmados. O governo de Bangladesh elogiou a execução. "É um momento histórico. Depois de quatro décadas, as vítimas do genocídio da guerra de libertação de 1971 conseguiram justiça", disse o vice-ministro da Justiça, Quamrul Islam. O partido islamita chamou a execução de "assassinato político" e advertiu para medidas de vingança. Na quinta-feira à noite, milhares de manifestantes celebraram a execução, o que demonstra as profundas divisões no país.