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Tradição será respeitada no enterro de Nelson Mandela em Qunu

Funeral do Prêmio Nobel da Paz e primeiro presidente negro da África do Sul depois do fim do apartheid será supervisionado pelos anciões do clã e acontecerá na fazenda da família Mandela

Agência France-Presse
postado em 13/12/2013 13:32
Os rituais tradicionais da etnia Xhosa, incluindo o sacrifício de um boi, protagonizarão o enterro do líder sul-africano, Nelson Mandela, no domingo no povoado de Qunu, revelaram os líderes de seu clã.

Depois da formal capela ardente em Pretória, a tradição vai dominar a cerimônia do enterro, que será acompanhado por dirigentes e ex-dirigentes de todo o mundo e convidados especiais. O funeral do Prêmio Nobel da Paz e primeiro presidente negro da África do Sul depois do fim do apartheid será supervisionado pelos anciões do clã e acontecerá na fazenda da família Mandela.

O sacrifício do animal - recorrente em momentos importantes da vida - será parte crucial do evento. "Um funeral é uma cerimônia complicada que envolve se comunicar com os ancestrais e permitir que o espírito da pessoa que se foi descanse", declarou o chefe Jonginyaniso Mtirara, do clã Thembu, ao qual Mandela pertence. "Derramar o sangue do animal é parte importante do processo", acrescentou.

[SAIBAMAIS]Durante a cerimônia, Mandela será tratado como "Dalibhunga", o nome que lhe deram aos 16 anos no rito de iniciação à vida adulta. Seu corpo será recebido ao grito de "Aaah! Dalibhunga", que se repetirá durante a cerimônia. Os Xhosa utilizarão o traje típico dos funerais, branco e azul, adornado com colares. Os oradores Xhosa estarão divididos em três grupos, um deles o Thembu, ao qual Mandela pertencia. Embora ele nunca tenha demonstrado sua fé, a mãe de Mandela incutiu nele sua confissão metodista.

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Seu casamento em 1998 com sua terceira esposa, Graça Machel, foi realizada por um sacerdote metodista, Mvune Dandala, com bênçãos de reverendos de outras confissões, incluindo um rabino. A comissão de assuntos tradicionais regional pediu que o governo não interfira na organização da cerimônia. "Se o governo intervier, os anciões não o aceitarão e não será bem-vindo, e isso terá um efeito pernicioso nos membros da família, porque o espírito voltará para persegui-los", explicou o chefe da comissão, Nokuzola Mdenge.

Os vizinhos e uma empresa privada prepararam cuidadosamente o panteão familiar, protegendo-o dos curiosos com um muro. É o local onde foram enterrados novamente seus três filhos, depois que uma parte da família os transferiu a Mvezo, o povoado no qual Mandela nasceu, após uma disputa. Em muitas áreas rurais da África do Sul é normal enterrar os parentes nas terras da família.

O antropólogo e historiador Mda Mda declarou que Mandela não terá um enterro real, apesar das conexões familiares com a realeza Thembu. "Não era um rei, seu pai não era um rei, como alguns gostam de acreditar", declarou. A filha mais velha de Mandela, Makaziwe, declarou em julho que não queria que o túmulo de seu pai se convertesse em local de peregrinação e que não estaria aberto ao público.

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