O secretário de Estado americano John Kerry considerou nesta sexta-feira (13/12) ser possível conciliar as aspirações de Israel em termos de segurança e as dos palestinos quanto a sua soberania em um período de nove meses, ao final de uma visita ao Oriente Médio.
"Nós trabalhamos com uma abordagem que garante a segurança de Israel e respeita completamente a soberania dos palestinos. Temos esperanças de chegar a este acordo sobre o estatuto final", declarou Kerry à imprensa, no aeroporto de Tel-Aviv antes de sua partida.
Ele excluiu qualquer mudança nos objetivos ou calendário das negociações, assegurando que o objetivo é chegar a um acordo sobre o estatuto final, e não um acordo intermediário", e que a libertação do próximo contingente de prisioneiros palestinos por Israel deve acontecer, "como previsto, em 29 de dezembro".
"E as duas partes continuam comprometidas com suas obrigações de permanecer na mesa para negociar intensivamente durante o período de nove meses que nós fixamos" no lançamento das discussões no final de julho.
O secretário de Estado americano, que concluiu sua segunda visita à região em uma semana, indicou que o general John Allen, conselheiro especial para o Oriente Médio, expôs a Mahmud Abbas seu plano de segurança para a Cisjordânia após a conclusão do acordo de paz.
Durante uma reunião na quinta-feira (13/12) à noite em Ramallah (Cisjordânia), Mahmud Abbas rejeitou a prorrogação da presença militar israelense na Cisjordânia após um acordo de paz, segundo uma fonte palestina.
"O presidente Abbas rejeitou as ideias expostas pelo secretário de Estado Kerry devido à presença do exército israelense", disse a fonte.
O presidente palestino disse que "rejeita as ideias sobre a segurança porque não figura uma terceira parte e aceita a carta de James Jones (ex-conselheiro de Segurança Nacional americano) que prevê a mobilização de uma terceira parte na fronteira leste da Palestina, com a Jordânia", explicou.
"Abbas entregou uma carta expondo a posição palestina e fixando linhas vermelhas", completou a fonte, que citou sobretudo "a recusa de reconhecer Israel como um Estado judaico".
Ele insistiu na "necessidade de solucionar todos os temas" do conflito e manifestou o ceticismo sobre o acordo marco sem calendário que estaria sendo planejado pelo governo americano.
No início da manhã, o chefe da diplomacia americana encontrou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Jerusalém, para discutir como "avançar em direção a paz e a segurança", segundo Netanyahu.
Patrulhas israelenses-palestinas
A imprensa árabe, assim como a israelense, afirma que o plano do governo americano prevê a manutenção da presença militar israelense nas fronteiras entre Cisjordânia e Jordânia durante 15 anos, inclusive depois de um acordo de paz, e pretende apresentar "um acordo-marco" que defina as grandes linhas de um acordo final.
Segundo o jornal pan-árabe Al-Quds al-Arabi, o plano também prevê postos de controle e alerta israelenses em pontos altos na Cisjordânia, a garantia do direito de Israel de impedir a entrada de visitantes pela fronteira palestina-jordaniana e patrulhas conjuntas israelense-palestinas ao longo do Jordão.
O Departamento de Estado afirma que o objetivo de Washington é alcançar em nove meses, a partir da retomada das negociações, no fim de julho, um "acordo final", e não uma nova "solução transitória".
Netanyahu exige que o futuro Estado palestino seja desmilitarizado e que Israel possa manter, em longo prazo, tropas no vale do Jordão, na fronteira com a Jordânia.
Os palestinos rejeitam qualquer presença militar israelense em seu território depois de um acordo de paz, mas aceitam uma força internacional, opção rejeitada por Israel, que insiste na necessidade de "poder defender-se por si mesmo, com suas próprias forças".
Em uma coluna publicada quinta-feira, o ex-conselheiro a segurança nacional israelense, o general da reserva Giora Eiland, explica que, "do ponto de vista de Israel, o risco de ceder territórios na Judeia e Samaria (Cisjordânia) não é necessariamente da ameaça apresentada pelos palestinos, mas por outros inimigos" na região.
"Israel insiste em ter um controle ao longo do Jordão e parece que os americanos aceitam", afirmou o general, considerando que, para isto, o exército de Israel precisará de uma faixa de cinco quilômetros de comprimento no vale, uma exigência exorbitante para os dirigentes palestinos.
O presidente americano, Barack Obama, advertiu em 7 de dezembro que os palestinos deveriam aceitar um "período de transição" após a assinatura de um acordo de paz.