Agência France-Presse
postado em 15/12/2013 08:40
Qunu - Parentes e amigos de Nelson Mandela acompanharam neste domingo (15/12) o enterro do líder sul-africano, no vilarejo em que Madiba passou a infância, após 10 dias de luto e homenagens a um personagem vital do século XX. O caixão com o corpo de Mandela foi sepultado em Qunu, na província de Cabo Oriental, como era seu desejo. Vinte e uma salvas de canhão e o voo de uma esquadrilha de aviões militares saudaram o traslado do corpo de Mandela para o local do enterro.
O funeral e o enterro na fazenda da família Mandela foram marcados por um caráter de Estado: o caixão estava envolvido com a bandeira sul-africana e recebeu a proteção de militares. O sepultamento aconteceu em uma cerimônia privada, de acordo com os rituais da etnia xhosa.
Antes, um funeral foi celebrado em uma grande tenda instalada na fazenda Mandela com a presença de 4.500 convidados. Uma grande foto de Madiba estava na tribuna, com 95 velas diante da imagem dispostas em duas fileiras. "Recordo o homem alto, saudável, forte, o boxeador", afirmou aos presentes seu amigo Ahmed Kathrada, que passou 18 anos na prisão de Robben Island ao lado de Mandela e fez um discurso emocionado. "Caminhamos lado a lado pelo vale da morte, sempre nos apoiando. Perdi um irmão, não sei com quem vou falar".
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A neta Nani falou sobre os momentos de intimidade familiar e revelou que o avô era um "grande narrador de histórias", que também recordava a todos sobre as obrigações, "para nos prepararmos para sermos melhores na vida".
[SAIBAMAIS]O presidente sul-africano Jacob Zuma incentivou os compatriotas a "perpetuar a herança" de Nelson Mandela, ao pronunciar o elogio fúnebre do herói da luta contra o apartheid. "O seu longo caminho para a liberdade terminou, no sentido físico do termo. Mas nossa própria viagem continua. Devemos seguir construindo a sociedade pela qual você trabalhou. Devemos perpetuar a herança", disse Zuma. "A África do Sul vai continuar crescendo, porque não podemos decepcioná-lo", completou Zuma. "Hoje prometemos continuar promovendo a tolerância e uma sociedade multirracial em nosso país e construir uma África do Sul que pertença realmente a todos", declarou o presidente sul-africano. A cerimônia começou com o hino nacional e as canções "Lizalis idinga khalo" ("Cumpre tua promessa") e "Jerusalem likhaya lami".
Entre os presentes estavam o arcebispo e Nobel da Paz Desmond Tutu, velho amigo de Mandela, que no sábado afirmou não ter sido convidado, a viúva Graça Machel, assim como Winnie Mandela, que foi a segunda esposa do líder sul-africano.
Também estavam em Qunu o reverendo americano e ativista dos direitos civis Jesse Jackson, o magnata britânico Richard Branson, o ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin, o político norte-irlandês Gerry Adams, a apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey e os atores Forrest Whitaker e Idris Elba, que interpreta Mandela no cinema.
O líder sul-africano, falecido em 5 de dezembro aos 95 anos, foi sepultado depois do funeral em uma cerimônia íntima sob o ritual da etnia xhosa, que incluiu o sacrifício de um boi.
A família, amigos, velhos companheiros de luta, militares e líderes tribais caminharam até o local da sepultura. No total, 450 pessoas estavam no grupo, incluindo Branson, Tutu e Winfrey. Em todo o país foram instalados telões para a transmissão da cerimônia. Pascal Moloi, de 52 anos, viajou de Johannesburgo por 10 horas para chegar a Qunu. "Desde que morreu, eu queria fazer esta viagem com ele", afirmou no vilarejo de Qunu.
Moloi disse que preferia ficar ao lado dos moradores do que com as autoridades. A família irlandesa Solan estava de férias na África do Sul e decidiu conhecer Qunu. "É muito triste para mim porque na escola sempre aprendemos coisas sobre pessoas famosas e Madiba era o mais famoso", afirmou Luc Solan, de apenas nove anos.
Um grupo de curiosos se concentrou diante da barreira policial que dava acesso à propriedade dos Mandela, mas não conseguira se aproximar do local do funeral.
De volta para casa
Há quase 90 anos o menino Nelson Mandela corria pelas ruas e pela paisagem verde de Qunu. Rolihlahla Mandela, seu nome original, viveu na localidade até os nove anos, muito perto do local em que nasceu, Mvezo. "O vilarejo de Qunu ficava em um vale verde, estreito. Lá não viviam mais que algumas centenas de pessoas", relatou Mandela em suas memórias, "O Longo Caminho para a Liberdade".
Quando Mandela era criança, recebeu um nome europeu na escola, Nelson. "Talvez tivesse algo a ver com o grande almirante inglês", dizia Mandela.
Após a morte de seu pai, a mãe de Mandela decidiu que seu futuro estava do outro lado e o enviou para ser criado pelo "regente" da tribo. Mais tarde passou por um périplo extraordinário: os anos de formação e trabalho em Johannesburgo, o ativismo político, a prisão, a presidência, as homenagens e a morte.
Mas Mandela nunca esqueceu Qunu e quando deixou a prisão construiu uma casa na localidade, onde pediu para ser enterrado. "Qunu era tudo o que conhecia e amava do modo incondicional que uma criança ama sua primeira casa", afirmou em suas memórias.
"Estava mais de luto pelo mundo que deixava para trás que por meu pai...", palavras que foram lembradas neste domingo no local que fecha um capítulo extraordinário da história da África do Sul.
O funeral e o enterro na fazenda da família Mandela foram marcados por um caráter de Estado: o caixão estava envolvido com a bandeira sul-africana e recebeu a proteção de militares. O sepultamento aconteceu em uma cerimônia privada, de acordo com os rituais da etnia xhosa.
Antes, um funeral foi celebrado em uma grande tenda instalada na fazenda Mandela com a presença de 4.500 convidados. Uma grande foto de Madiba estava na tribuna, com 95 velas diante da imagem dispostas em duas fileiras. "Recordo o homem alto, saudável, forte, o boxeador", afirmou aos presentes seu amigo Ahmed Kathrada, que passou 18 anos na prisão de Robben Island ao lado de Mandela e fez um discurso emocionado. "Caminhamos lado a lado pelo vale da morte, sempre nos apoiando. Perdi um irmão, não sei com quem vou falar".
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A neta Nani falou sobre os momentos de intimidade familiar e revelou que o avô era um "grande narrador de histórias", que também recordava a todos sobre as obrigações, "para nos prepararmos para sermos melhores na vida".
[SAIBAMAIS]O presidente sul-africano Jacob Zuma incentivou os compatriotas a "perpetuar a herança" de Nelson Mandela, ao pronunciar o elogio fúnebre do herói da luta contra o apartheid. "O seu longo caminho para a liberdade terminou, no sentido físico do termo. Mas nossa própria viagem continua. Devemos seguir construindo a sociedade pela qual você trabalhou. Devemos perpetuar a herança", disse Zuma. "A África do Sul vai continuar crescendo, porque não podemos decepcioná-lo", completou Zuma. "Hoje prometemos continuar promovendo a tolerância e uma sociedade multirracial em nosso país e construir uma África do Sul que pertença realmente a todos", declarou o presidente sul-africano. A cerimônia começou com o hino nacional e as canções "Lizalis idinga khalo" ("Cumpre tua promessa") e "Jerusalem likhaya lami".
Entre os presentes estavam o arcebispo e Nobel da Paz Desmond Tutu, velho amigo de Mandela, que no sábado afirmou não ter sido convidado, a viúva Graça Machel, assim como Winnie Mandela, que foi a segunda esposa do líder sul-africano.
Também estavam em Qunu o reverendo americano e ativista dos direitos civis Jesse Jackson, o magnata britânico Richard Branson, o ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin, o político norte-irlandês Gerry Adams, a apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey e os atores Forrest Whitaker e Idris Elba, que interpreta Mandela no cinema.
O líder sul-africano, falecido em 5 de dezembro aos 95 anos, foi sepultado depois do funeral em uma cerimônia íntima sob o ritual da etnia xhosa, que incluiu o sacrifício de um boi.
A família, amigos, velhos companheiros de luta, militares e líderes tribais caminharam até o local da sepultura. No total, 450 pessoas estavam no grupo, incluindo Branson, Tutu e Winfrey. Em todo o país foram instalados telões para a transmissão da cerimônia. Pascal Moloi, de 52 anos, viajou de Johannesburgo por 10 horas para chegar a Qunu. "Desde que morreu, eu queria fazer esta viagem com ele", afirmou no vilarejo de Qunu.
Moloi disse que preferia ficar ao lado dos moradores do que com as autoridades. A família irlandesa Solan estava de férias na África do Sul e decidiu conhecer Qunu. "É muito triste para mim porque na escola sempre aprendemos coisas sobre pessoas famosas e Madiba era o mais famoso", afirmou Luc Solan, de apenas nove anos.
Um grupo de curiosos se concentrou diante da barreira policial que dava acesso à propriedade dos Mandela, mas não conseguira se aproximar do local do funeral.
De volta para casa
Há quase 90 anos o menino Nelson Mandela corria pelas ruas e pela paisagem verde de Qunu. Rolihlahla Mandela, seu nome original, viveu na localidade até os nove anos, muito perto do local em que nasceu, Mvezo. "O vilarejo de Qunu ficava em um vale verde, estreito. Lá não viviam mais que algumas centenas de pessoas", relatou Mandela em suas memórias, "O Longo Caminho para a Liberdade".
Quando Mandela era criança, recebeu um nome europeu na escola, Nelson. "Talvez tivesse algo a ver com o grande almirante inglês", dizia Mandela.
Após a morte de seu pai, a mãe de Mandela decidiu que seu futuro estava do outro lado e o enviou para ser criado pelo "regente" da tribo. Mais tarde passou por um périplo extraordinário: os anos de formação e trabalho em Johannesburgo, o ativismo político, a prisão, a presidência, as homenagens e a morte.
Mas Mandela nunca esqueceu Qunu e quando deixou a prisão construiu uma casa na localidade, onde pediu para ser enterrado. "Qunu era tudo o que conhecia e amava do modo incondicional que uma criança ama sua primeira casa", afirmou em suas memórias.
"Estava mais de luto pelo mundo que deixava para trás que por meu pai...", palavras que foram lembradas neste domingo no local que fecha um capítulo extraordinário da história da África do Sul.