Agência France-Presse
postado em 16/12/2013 08:01
Pequim - Pelo menos 16 pessoas morreram, incluindo dois policiais, em confrontos na região chinesa de Xinjiang, sete semanas depois de um atentado atribuído por Pequim a "terroristas" da etnia uigur, a principal desta região majoritariamente muçulmana. A polícia tentava deter suspeitos no domingo no condado de Shufu, perto de Kashgar, quando foi atacada por um grupo armado com facas e explosivos, afirma o site de notícias Tianshannet, controlado pelas autoridades de Xinjiang.Quatorze criminosos foram mortos e dois foram detidos, segundo as autoridades. Dois policiais também morreram. Um porta-voz do Congresso Mundial Uigur, uma organização de defesa dos uigures (etnia de língua turca) no exílio, Dilshat Rexit, rebateu esta versão. De acordo com Rexit, as mortes ocorreram quando policiais armados invadiram uma casa na qual estavam reunidos uigures.
[SAIBAMAIS]"Segundo as novas regras vigentes em Xinjiang, os policiais têm o direito de atirar primeiro", disse à AFP. "Morreram 14 uigures e dois ficaram feridos", completou. A AFP não estava em condições de verificar as versões, já que as autoridades chinesas dificultam o trabalho da imprensa estrangeira em Xinjiang, onde as comunicações telefônicas são cortadas nas áreas de distúrbios.
"Este assunto mostra novamente a natureza desumana destes grupos terroristas que desafiamn a sociedade", afirmou Hua Chunying, porta-voz do ministério das Relações Exteriores. No dia 28 de outubro, três uigures, "terroristas" segundo o governo, avançaram com um veículo, carregado com barris de gasolina, contra a entrada da Cidade Proibida, na Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim.
O ataque matou duas pessoas, além dos três ocupantes do veículo, e deixou quase 40 feridos. Para o diretor do serviço de segurança da China, Meng Jianzhu, o ataque teve o apoio de um grupo separatista, o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental. As autoridades não apresentaram nenhuma prova para apoiar a acusação, que provocou muitas dúvidas entre os analistas, dado o caráter "caseiro" do ataque e a inexistência de um reduto islamita na China.
Para as organizações uigures, as acusações são meros pretextos utilizados pelas autoridades para justificar a repressão na região. Localizada no extremo oeste da China, Xinjiang, "região autônoma" de maioria uigur, registra esporadicamente atos violentos atribuídos pelas autoridades a "terroristas" ou "separatistas". Xinjiang foi cenário de confrontos que deixaram dezenas de mortos em abril, julho e agosto de 2013.
Em julho de 2009, a capital de Xinjiang, Urumqi, foi abalada por uma série de confrontos entre uigures e han - a etnia majoritária na China - que deixaram pelo menos 200 mortos e 1.700 feridos, segundo fontes oficiais, mas os exilados da minoria étnica afirmam que o número de mortos foi superior.