Agência France-Presse
postado em 16/12/2013 08:58
Kiev - O partido que governa a Ucrânia pediu nesta segunda-feira (16/12) uma ampla reforma ministerial, sob a pressão da oposição favorável à União Europeia (UE), que critica a opção do governo por uma aproximação com a Rússia. Os deputados do Partido das Regiões pediram ao primeiro-ministro que anuncie uma ampla reforma do gabinete, no momento em que a oposição pró-europeia pede a renúncia do presidente Viktor Yanukovich."Pedimos a (Mykola) Azarov que reforme em 90% o governo", afirmou a deputada Anna Guerman após uma reunião dos deputados com o chefe de Governo. "Azarov disse que levará a posição do grupo ao presidente e que certamente vão tirar conclusões", completou a deputada. Guerman, uma ex-assistente de Yanukovich, afirmou que não estava no pacote a possível renúncia de Azarov.
O representante do presidente ucraniano no Parlamento, Yuri Miroshnichenko, declarou que é preciso "dar os passos decisivos necessários para solucionar os problemas". Azarov propôs a criação de um grupo de trabalho, mas os detalhes e os prazos de uma possível reforma ainda não foram determinados. Na sexta-feira, as primeiras conversações diretas entre Yanukovich e a oposição fracassaram.
A oposição está convencida de que Yanukovich assinará acordos econômicos com a Rússia durante a visita que fará na terça-feira (17/11) a Moscou. Analistas acreditam que a Ucrânia, que tem dificuldades na área econômica, poderia obter rapidamente uma redução dos preços do gás ou um crédito.
[SAIBAMAIS]A União Europeia anunciou no domingo a suspensão das negociações para a assinatura de um acordo de associação com a Ucrânia, ao mesmo tempo em que centenas de milhares de pessoas protestavam em Kiev contra Yanukovich, acusado de privilegiar a relação com a Rússia em detrimento da UE.
Quase 300 mil ucranianos se reuniram no domingo na Praça da Independência, centro de Kiev, para uma nova manifestação. Os protestos começaram em novembro. Yanukovich afirmou na sexta-feira em um encontro com representantes da oposição que os preparativos para um acordo de associação estavam no caminho equivocado e violavam os interesses nacionais da Ucrânia. Ele disse que as pessoas responsáveis pelas negociações seriam "excluídas e até mesmo destituídas de seus cargos".
O ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt - grande defensor da aproximação entre Ucrânia e UE -, disse que acordo de associação, da maneira como foi redigido, permanece sobre a mesa. No domingo (15/12), Azarov afirmou que a "integração europeia" é uma prioridade para o país.
"Nos dizem que as portas da UE estão abertas, assim como as da União Alfandegária com as ex-repúblicas soviéticas. É muito bom que possamos escolher e escolhemos a integração europeia", disse o primeiro-ministro ucraniano ao canal Inter. O senador americano John McCain, presente na manifestação de domingo, afirmou que os Estados Unidos apoiam os protestos.