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Investimento em gás no Azerbaijão abre fonte de abastecimento para a Europa

Acordo que representa um investimento total de 28 bilhões de dólares, foi assinado em Bacu, capital do Azerbaijão

Agência France-Presse
postado em 17/12/2013 17:02
Baku - O consórcio que desenvolve a imensa jazida de gás azeri de Shah Deniz, no mar Cáspio, confirmou nesta terça-feira (17/12) um milionário investimento que abre caminho para novas fontes de abastecimento para a Europa, que deseja reduzir sua dependência energética da Rússia.

O acordo, que representa um investimento total de 28 bilhões de dólares, foi assinado em Bacu, capital do Azerbaijão, pelos acionistas do consórcio, o grupo britânico BP, a empresa pública azeri Socar, a norueguesa Statoil, a francesa Total e a russa Lukoil.

A decisão é crucial para o abastecimento de países do sul da União Europeia como a Grécia e a Itália. Para permitir esse fornecimento, o acordo prevê prolongar o gasoduto do Cáucaso Sul por meio do Azerbaijão e da Geórgia, a construção do gasoduto transanatolio na Turquia (TANAP) e o gasoduto transadriático (TAP), que passará por Grécia, Albânia e Itália.

O consórcio prevê extrair 16 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da jazida. As primeiras entregas de gás são esperadas para 2018 para a Turquia e a partir de 2019 para a Europa.

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Em junho, o consórcio descartou outro projeto de gasoduto - o Nabuco Oeste- que também evita a passagem pela Rússia, mas que tinha um traçado muito mais longo. Em seu lugar, optou por este projeto, destinado ao abastecimento de gás à Europa.

O acordo "melhorará a segurança energética e a competitividade da Europa, oferecendo uma nova fonte de fornecimento de gás ao sul da Europa", declarou o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, presente na cerimônia em Bacu.

Para a distribuição, em setembro, foram assinados contratos a longo prazo com nove empresas europeias de energia, como a espanhola Gas Natural Fenosa, que venderá na Itália, a anglo-holandesa Shell, a francesa GDF Suez, a alemã E.ON e as italianas Hera Trading e Enel.

Como parte desta decisão, os sócios do consórcio redistribuíram suas participações. A Statoil, que atualmente possui 25,5% de Shah Deniz, anunciou a cessão de 10% desta jazida e das infraestruturas correspondentes por 1,45 bilhão de dólares.

Os compradores desse pacote são a Socar, que adquiriu 6,7%, e a BP, que ficou com 3,3%. Além disso, a Socar e os demais acionistas decidiram prolongar o acordo de partilha da produção na jazida até 2048.

Uma decisão estratégica


O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, considerou, em um comunicado, que se trata de "uma etapa chave" na estratégia europeia de diversificação do fornecimento de gás, para reduzir a dependência da Rússia.

No passado, os problemas da Rússia com a Ucrânia em relação ao pagamento do gás russo se traduziram em cortes de fornecimento para países da UE em pleno inverno. "O acordo de hoje vai mudar o mapa energético da Europa", comemorou o presidente azeri, Ilham Aliev. "O gás do Azerbaijão poderá chegar agora ao mercado que mais necessita", acrescentou.

O comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, considerou que o Corredor Sul permitirá satisfazer 20% do consumo de gás da UE.

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