Agência France-Presse
postado em 17/12/2013 19:27
Um dos cinco acusados pelos atentados do 11 de Setembro foi expulso nesta terça-feira (17/12) de uma audiência preliminar na base militar americana de Guantánamo, depois de ser tomado pela raiva quando o tema das prisões secretas da CIA veio à tona.Acusado de ser um dos coordenadores dos atentados, o iemenita Ramzi Ben al-Shaiba foi retirado à força, pouco depois de seu advogado sugerir que os agentes da prisão militar de Guantánamo privaram seu cliente, deliberadamente, do sono.
"Não conseguiu dormir a noite toda por causa do barulho que foi organizado ao redor dele", afirmou o comandante Kevin Bogucki. "Está muito cansado para conseguir ficar atento", justificou. Essa audiência preliminar, de preparação do processo contra os cinco acusados que acontecerá em 2015, foi retransmitida na base militar de Fort Meade, em Maryland (leste dos Estados Unidos).
O comandante Bogucki afirmou que, na cela, ouvia-se com frequência batidas de portas contra a parede. O governo americano nega. O acusado não quis, então, responder as perguntas do juiz James Pohl, alegando que ele havia tomado partido na questão.
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"Eu me nego a responder essa pergunta, porque o juiz está contra mim e minhas respostas", afirmou Ramzi Ben al-Shaiba, antes de lançar acusações improvisadas contra o tratamento dispensado pelos Estados Unidos aos suspeitos de terrorismo.
Advertido pelo juiz Pohl a não falar quando não fosse sua vez, o iemenita continuou seu monólogo em voz baixa, fazendo referência a "uma prisão secreta da CIA". Entre as acusações que pesam contra ele, está ter ajudado seus cúmplices a fazer cursos de piloto nos Estados Unidos.
Apesar das advertências do juiz, o acusado se enfureceu e foi expulso da sala. A transmissão da audiência acabou sendo interrompida. Os outros quatro acusados dos atentados, entre eles o autoproclamado mentor da operação, Khaled Sheikh Mohammed, também estavam presentes.
A defesa solicita ao governo que divulgue informações sobre o programa de detenções e interrogatórios nas prisões secretas da CIA. Os cinco acusados teriam sido submetidos a essas práticas durante o governo de George W. Bush.
Depois de serem presos, em 2002 e 2003, os cinco passaram três anos em prisões secretas da CIA no exterior, onde teriam sido torturados.