Agência France-Presse
postado em 18/12/2013 20:36
O governo americano tentou minimizar, nesta quarta-feira (18/12), o mal-estar causado com a Índia, após a revista e a detenção de uma diplomata desse país em Nova York.Em um telefonema ao assessor de Segurança Nacional da Índia, Shivshankar Menon, o secretário de Estado americano, John Kerry, "lamentou" o ocorrido e expressou sua "empatia com as suscetibilidades que ouvimos da Índia sobre os eventos" - informou uma porta-voz do Departamento de Estado.
Já o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que Washington entende o motivo pelo qual o tema era sensível na Índia, onde o caso provocou indignação. Ele destacou, porém, que o "incidente" não reflete a ampla e positiva relação entre os dois países.
"Estados Unidos e Índia desfrutam de uma amizade profunda e ampla, e esse episódio isolado não é indicativo dos próximos e respeitosos laços que compartilhamos", disse Carney aos jornalistas.
"Entendemos que esse é um tema sensível para muitas pessoas na Índia e estamos avaliando os pormenores que envolvem a detenção para nos assegurarmos de que todos os procedimentos foram seguidos e lhe foi garantido um trato cortês", frisou o porta-voz.
Hoje, a Índia prometeu restaurar a qualquer preço a dignidade de sua diplomata presa em Nova York na semana passada. A funcionária teria chorado ao ser revistada e algemada.
Depois que um jornal local insistiu em que o governo de Nova Délhi "enfrente o Tio Sam", o ministro indiano das Relações Exteriores, Salman Khurshid, declarou ao Parlamento que seu dever é trazer a diplomata de volta.
"Temos de restaurar sua dignidade, e eu farei isso a qualquer preço", enfatizou.
Entre as medidas de represália anunciadas pela Índia, estão a retirada de documentos de identidade emitidos para diplomatas americanos, o bloqueio das importações de bens - sobretudo bebidas alcoólicas destinadas à embaixada americana - e a retirada de barricadas ao redor da sede diplomática dos EUA em Nova Délhi.
"Ordenamos a retirada das credenciais emitidas pelo ministério das Relações Exteriores para os funcionários das representações americanas na Índia", declarou uma fonte da Chancelaria, terça-feira, à AFP.
Na terça, as autoridades americanas admitiram que a consulesa-geral adjunta indiana Devyani Khobragade foi tratada como uma presa comum e revistada, após ser detida, na semana passada, por ter supostamente mentido no pedido de visto para uma mulher de nacionalidade também indiana que trabalhava para ela como empregada doméstica.
A diplomata também é acusada de pagar pouco a sua funcionária. Ela foi presa em 12 de dezembro, quando deixava sua filha no colégio, e liberada horas depois.
"Tenho de admitir que chorei várias vezes à medida que me senti reiteradamente humilhada ao ser revistada em nível das cavidades corporais, em meio a criminosos e drogados (...) apesar de reivindicar, sem cessar, minha imunidade diplomática", relatou Khobragade.
Mais cedo, vários dirigentes políticos indianos declararam que se negaram, em protesto, a se reunir com uma delegação do Congresso dos Estados Unidos que está de visita à Índia.
Narendra Modi, candidato ao cargo de primeiro-ministro do partido nacionalista hindu, o Bharatiya Janata Party (BJP), nas eleições legislativas previstas para maio de 2014, comunicou sua negativa em se reunir com a delegação americana.
Na última sexta-feira, a Índia convocou a embaixadora americana em Nova York, Nancy Powell, também para protestar contra a detenção de sua diplomata.