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Morte de dois palestinos e colonização israelense complicam processo de paz

Agência France-Presse
postado em 19/12/2013 14:14
Ramallah - As perspectivas das negociações de paz entre Israel e os palestinos auspiciadas pelos Estados Unidos foram ofuscadas mais uma vez nesta quinta-feira, depois que o exército israelense matou dois palestinos que havia ido deter.

Além disso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que seguirá desenvolvendo as colônias na Cisjordânia, apesar das críticas dos Estados Unidos.

Neste contexto, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, acusou nesta quinta-feira o Estado de Israel de tentar levar ao fracasso as tentativas americanas de impulsionar o processo de paz.


"Esta perigosa escalada israelense busca desbaratar os esforços americanos e internacionais para fazer o processo de paz avançar, e levar as negociações a um beco sem saída", declarou um porta-voz de Mahmud Abbas em um comunicado divulgado pela agência oficial WAFA.

"A presidência condena os crimes cometidos ontem à noite pelo exército israelense", afirmou.

Já o exército israelense anunciou nesta quinta-feira que matou um membro das forças palestinas de segurança em um tiroteio em Qalqiliya, no norte da Cisjordânia, depois de ter matado um membro do movimento radical Jihad Islâmica, também no norte da Cisjordânia.

Os negociadores palestinos advertiram em várias oportunidades que não poderão prosseguir com as negociações se Israel seguir matando palestinos, demolindo suas casas e construindo outras para colonos israelenses na Cisjordânia, no ritmo atual.

As forças israelenses mataram 30 palestinos em 2013, em sua grande maioria na Cisjordânia. Além disso, destruíram mais de 600 construções palestinas, "deslocando mil palestinos", lamentou a União Europeia (UE) nesta quinta-feira em um comunicado.

O secretário americano de Estado, Jonh Kerry, reativou estas negociações entre palestinos e israelenses no fim de julho com a ideia de concluí-las em um período de nove meses, que terminaria no dia 29 de abril de 2014.

Na noite de quarta-feira, o primeiro-ministro israelense havia anunciado que prosseguiria a colonização da Cisjordânia ocupada.

"Não pararemos nem um instante de construir nosso país, de nos reforçarmos, de desenvolver (...) os assentamentos", declarou Netanyahu em uma reunião política, segundo as declarações citadas nesta quinta-feira pela rádio militar.

Por sua vez, segundo o site do jornal israelense Haaretz, Washington pediu que Israel não anuncie uma nova licitação de residências na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental, coincidindo com a libertação de 26 presos palestinos, prevista para o dia 29 de dezembro como parte das negociações de paz.

Pouco antes da retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos, no dia 30 de julho, Netanyahu aceitou libertar 104 prisioneiros palestinos em várias rodadas em função do progresso do diálogo. As duas primeiras, de 26 presos cada uma, ocorreram nos dias 13 de agosto e 30 de outubro.

"Sei que não param de nos dizer que não obtemos a paz devido aos assentamentos, por estarmos presentes em Judeia e Samaria (Cisjordânia), mas não é verdade", afirmou Netanyahu.

"Não há paz devido à contínua oposição à existência de um Estado nacional judeu independentemente das fronteiras, e temos direito a este Estado como todos os demais povos", acrescentou Netanyahu.

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