Agência France-Presse
postado em 20/12/2013 15:33
Os líderes da União Europeia (UE) expressaram nesta sexta-feira (20/12), ao término da cúpula europeia em Bruxelas, sua "preocupação" com a situação na Ucrânia e lamentaram que a pressão da Rússia sobre esse país tenha aumentado a tensão com o bloco."As pressões sobre alguns países envolvidos na nossa associação oriental se agregam qualitativamente à lista de divergências" entre a União Europeia e a Rússia, declarou o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, acrescentando que "os líderes europeus estão muito preocupados" com a situação na Ucrânia.
A UE tinha negociado um acordo de associação com a Ucrânia que deveria ter sido assinado no final de novembro, mas a pressão da Rússia forçou Kiev a abandonar a sua aproximação com o Ocidente.
Esse episódio provocou manifestações em massa e mergulhou o país em uma crise política.
Os líderes europeus deixaram nesta sexta a porta aberta para Kiev assinar um acordo, "no mais tardar, em agosto de 2014". Com isso, tentaram acalmar as ânimos, mas deixaram claro que Moscou deve parar de exercer pressão sobre os seus vizinhos.
Em sua declaração final, os líderes enfatizaram "o direito de todos os Estados soberanos de exercer suas decisões de política externa, sem pressões".
"Temos fortes laços econômicos e energéticos" e "a Rússia é essencial para traçar soluções relativas a questões internacionais importantes, como o Irã ou a Síria", admitiu Van Rompuy, mas "não nos esquivaremos deste problema" na próxima cúpula UE-Rússia, prevista para janeiro.
"Discutiremos de forma franca e aberta" com o presidente russo, Vladimir Putin, acrescentou o líder europeu.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron; a chanceler alemã, Angela Merkel; e o presidente francês, François Hollande, se manifestaram nesse mesmo sentido.
Nas conclusões da cúpula, o Conselho Europeu "apela para uma solução pacífica da crise (...) que atenda às aspirações do povo ucraniano".
Mas, apesar de terem reafirmado sua vontade de assinar um acordo de associação com a Ucrânia, os líderes europeus evidenciaram seu descontentamento com o governo ucraniano.
"A Europa está aberta ao povo ucraniano, mas não necessariamente a este governo", disse a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite.
Apoiado por Vladimir Putin, o presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, advertiu na quarta-feira para o risco de qualquer "interferência" ocidental na crise política na Ucrânia, onde a oposição se manifesta contra o governo há quase um mês atrás.
Esta semana, Putin ofereceu 15 bilhões de dólares à Ucrânia, sem pré-condições.
Já os europeus ofereceram a Kiev ajuda para negociar um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), sujeito a reformas no país, e, ao contrário de Moscou, ressaltaram a importância de um acordo de "longo prazo (...) sobre um projeto democrático, de prosperidade e estabilidade".
Apoio à França na África
Por outro lado, a França obteve na cúpula um tímido compromisso dos demais países europeus na República Centro-Africana, onde a União Europeia pode lançar em 2014 uma missão de apoio, sem financiar diretamente a operação francesa.
Após dois dias de discussões em Bruxelas, o presidente francês, François Hollande, se disse satisfeito com a resposta de seus colegas em relação ao caso.
"Consegui um apoio unânime dos europeus para o que temos feito na República Centro-Africana e sobre um projeto de missão europeia que poderia ser decidido em janeiro", declarou.
Esse apoio político foi formalizado pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que afirmou que a intervenção dos 1.600 soldados franceses em Bangui permitiu "evitar o desastre de uma guerra civil, e até mesmo um possível genocídio".
A atitude dos europeus lembra a adotada no início do ano, quando a França lançou a operação Serval no Mali. Sem participar dos combates, eles foram muito ativos no plano humanitário e iniciaram uma missão de formação do Exército malinês.
Os chefe de Estado e de Governo da UE iniciaram na quinta-feira a última cúpula da UE do ano, aprovando uma série de medidas para reforçar a cooperação e a integração econômica.
Entro outras temas, aprovaram o último pilar da união bancária, um mecanismo de resolução que, junto com a supervisão dos bancos e a garantia aos depósitos, tem como objetivo evitar novas crises financeiras.