Agência France-Presse
postado em 20/12/2013 16:31
Determinados, os japoneses se esforçam para limpar dois mil quilômetros quadrados altamente contaminados ao redor da usina nuclear de Fukushima, um trabalho faraônico executado por 20.000 "descontaminadores"."Sem descontaminação, não há reconstrução", repete o governo japonês.
Com escavadeiras, carrinhos de mão e jatos d;água, eles recolhem as folhas mortas, lavam centenas de milhares de árvores e separam o lixo, sem que nada pareça deter sua determinação de recuperar uma terra que ficou contaminada depois do acidente nuclear de 11 de março de 2011.
"Por volta de mil homens trabalham nos cerca de 2.000 quilômetros quadrados de terreno em uma descontaminação executada pelo Estado e outros tantos em regiões menos afetadas, tratadas pelas comunidades locais", explicou Tsutomu Sato, diretor do departamento de descontaminação do Ministério do Meio Ambiente.
Estes "descontaminadores" são considerados trabalhadores do setor nuclear e devem ter o mesmo acompanhamento médico.
O Estado se encarrega de onze aglomerações, situadas a menos de 20 km do complexo atômico, onde a exposição à radioatividade supera os 20 milisieverts/ano. Enquanto isso, as comunidades locais se ocupam de 100 municípios que permanecem habitados na província de Fukushima e em outras sete prefeituras, onde esta dose está entre 1 e 20 milisieverts anuais.
"Por enquanto, foram destinados 1,8 trilhão de ienes (13 bilhões de euros) para estes trabalhos, incluindo a quantidade do ano que vem", afirmou Sato, destacando que essa quantia "deve ser paga pela empresa que administra a usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), mas o Estado antecipa o dinheiro".
Dentro do perímetro esvaziado, considera-se totalmente descontaminada apenas a cidade de Tamura, embora os trabalhos de limpeza avancem visivelmente nos campos próximos às residências na cidade de Naraha, onde o Ministério do Meio Ambiente garante que o trabalho está "quase terminado".
Por enquanto, o Estado descontaminou dois terços da área isolada, o equivalente a 815 km2, e deixou de lado as aglomerações de uma região considerada ;zona vermelha; de 337 km2, onde viviam 25.000 pessoas e a dose anual de exposição radioativa supera os 50 milisieverts.
O governo considera que o nível admissível para que a população volte é de 20 milisieverts ao ano, baseando-se nas recomendações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e da Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP).
"No entanto, as pessoas não voltarão até que tenha sido fixado um nível mais preciso para cada um dos municípios afetados e se reúnam as condições de residência e de acompanhamento sanitário", disse Sato.
Parece que por enquanto não há muitos candidatos a voltar. Segundo um estudo feito há um ano pelo Ministério da Indústria em Okuma e Futaba, as duas cidades mais próximas da usina, apenas 10% de seus antigos moradores desejariam voltar, enquanto 43% não sabem o que fazer e outros tantos que já decidiram não retornar.
Em outros locais, os antigos moradores (sobretudo pessoas de idade avançada) condicionam sua volta ao restabelecimento de condições de vida relativamente normais, com serviços como lojas e médicos, e a medidas concretas de radioproteção.