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Uganda aprova lei que prevê até prisão perpétua para homossexuais

Projeto original previa pena de morte, mas cláusula foi retirada. Penas severas, no entanto, foram mantidas

Estado de Minas
postado em 21/12/2013 14:33
Projeto original previa pena de morte, mas cláusula foi retirada. Penas severas, no entanto, foram mantidas
Kampala ;
O Parlamento de Uganda aprovou nessa sexta-feira um projeto de lei que reprime a homossexualidade de forma severa, com penas que podem chegar à prisão perpétua para os reincidentes. ;O voto contra o demônio é uma vitória para o país;, comemorou o deputado David Bahati, autor da proposta, que era ainda mais draconiana no texto original, apresentado em 2009. Da versão final foi retirada uma cláusula sobre a pena de morte. Apesar de o projeto de lei ter sido muito criticado pelas democracias ocidentais e pelos defensores dos direitos humanos, o projeto foi aprovado por uma ampla maioria e agora será levado para a sanção do presidente Yoweri Museveni. A homossexualidade já era considerada ilegal em Uganda, mas a nova lei aumenta as penas e criminaliza a promoção pública das relações entre pessoas do mesmo sexo, incluindo os debates dos grupos de ativistas.

O projeto de lei foi duramente criticado quando começou a tramitar pela primeira vez, em 2009. Na ocasião, os legisladores ugandenses pretendiam punir os homossexuais com a morte. Maria Burnett, pesquisadora da organização nãogovernamental (ONG) Human Rights Watch na África, se declarou ;ainda espantada; com a lei, apesar de algumas emendas. ;Hoje é um dia trágico para os direitos humanos em Uganda;, disse Frank Mugisha, ativista gay ugandense. Ele pediu ao presidente Museveni que vete a lei. "Estou oficialmente na ilegalidade", declarou Mugisha.


Religião

A homossexualidade é ilegal em Uganda desde o período colonial, quando foi aprovada uma lei que criminalizava atos sexuais ;contra as ordens da natureza;. Segundo o autor do projeto, porém, uma lei mais rigorosa se fez necessária para conter os ;homossexuais do Ocidente;, que segundo ele vão a Uganda ;recrutar as crianças;. Organizações de gays e lésbicas de Uganda contestam a versão e observam que os políticos e líderes religiosos do país estão sob influência de evangélicos norte-americanos ; e citam especificamente Scott Lively ; que tentam espalhar pela África suas campanhas contra os homossexuais.

Países como os Estados Unidos já haviam criticado a medida quando ela tramitava no Parlamento. A Alemanha cortou ajuda financeira para Uganda no ano passado, citando o projeto como uma de suas preocupações. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamou o projeto de ;odioso;.

A homofobia é generalizada em um país onde o cristianismo protestante ganha a cada dia novos adeptos. Homens e mulheres homossexuais são submetidos a frequentes ameaças ou são vítimas de violência. Ativistas de direitos humanos relataram recentemente casos de estupro coletivo de lésbicas. A homossexualidade é um tabu em muitos países africanos. Ela é ilegal em 37 nações do continente.

Os parlamentares também aprovaram um projeto de lei controverso que proíbe o uso de minissaias no país. A legislação antipornografia proíbe ainda conteúdos notoriamente sexuais em músicas e vídeos. A nova legislação quer banir materiais que mostram seios, coxas e nádegas ou que mostrem qualquer comportamento erótico que possa causar excitação sexual.

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