O exército está "preparado para avançar em direção a Bor", 200 km ao norte da capital Juba, indicou o presidente ao Parlamento, ressaltando que a ofensiva foi adiada para permitir que os Estados Unidos retirassem seus cidadãos. O porta-voz do exército sul-sudanês, Philip Aguer, havia afirmado nesta segunda-feira momentos antes que as tropas se preparavam para retomar a cidade de Bor.
[SAIBAMAIS]Os confrontos atingem o Sudão do Sul há mais de uma semana, depois que o presidente Kiir acusou seu ex-vice-presidente Riek Machar, derrubado do governo em julho, de uma tentativa de golpe de Estado. Machar nega estas acusações e culpa Kiir de querer eliminar seus rivais. Além de Bor, as forças rebeldes tomaram a cidade de Bentiu, capital do estratégico estado de Unidade, que concentra a produção petroleira nacional.
Ante o Parlamento do Sudão do Sul, Kiir mostrou novamente sua intenção de negociar com Riek Machar, mas "sem condições prévias". O ex-vice-presidente informou que negociará apenas após a saída do presidente.
No entanto, Kiir, de etnia dinka, voltou a acusar seu rival de mobilizar milicianos da etnia Nuer, denominados "o exército branco", conhecidos por seus ataques brutais contra as comunidades rivais durante a longa guerra civil Norte-Sul (1983-2005), que arrasou o Sudão antes da independência do Sul, em 2011.
Após visitar Bor domingo, o chefe de operações humanitárias da ONU no Sudão do Sul, Toby Lanzer, alertou sobre a degradação da situação. "Há uma semana, era difícil imaginar que as coisas podiam se degenerar desta forma", disse Lanzer à AFP. "Espero estar equivocado, se não, milhares de pessoas precisarão de ajuda muito em breve".
Segundo ele, a situação em Bor é tão grave que os capacetes azuis na área não terão capacidade para defender os 17.000 civis refugiados na base local da ONU. A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou que os combates se expandiram também ao estado de Alto Nilo. Em Nasir, onde Machar começou sua primeira revolta, em 1991, a MSF atendeu 24 pessoas baleadas.
O exército sul-sudanês "trabalha" também para recuperar o controle de Bentiu, no estado de Unidade, informou o porta-voz do exército, Philip Aguer. Este estado é estratégico porque concentra a produção de petróleo nacional, um setor que representa 95% da frágil economia do país.