Agência France-Presse
postado em 23/12/2013 10:07
A loja de departamentos britânica Marks and Spencer estava nesta segunda-feira no centro de uma polêmica depois que uma funcionária muçulmana se negou a vender álcool a um cliente. A empresa admitiu que permite que seus empregados se recusem a vender porco ou álcool - proibidos pelo islã - por razões religiosas e se viu ameaçada de boicote por milhares de britânicos.O episódio que desencadeou a controvérsia veio à tona no domingo (22/12), quando um cliente explicou nas páginas do jornal Sunday Telegraph que uma funcionária que trabalhava no caixa da Marks and Spencer não quis realizar a venda de uma garrafa de champanhe que comprava.
A funcionária pediu que esperasse para que uma colega sua procedesse com a operação. "Eu segurava a garrafa de champanhe na mão e uma senhora, que usava um véu, pediu desculpas, mas me explicou que não podia me atender no caixa. Disse para que eu esperasse que outra funcionária estivesse disponível. Fiquei um pouco surpreso. Isso nunca havia acontecido comigo", declarou o comprador à edição dominical do jornal The Daily Telegraph.
A Marks and Spencer lamentou o ocorrido, mas o atribuiu a uma falha em sua política de alocar os funcionários religiosos em tarefas adequadas. "Lamentamos que no caso apontado nossa política interna não tenha sido seguida", explicou a empresa. "Como empresa secular, temos uma política integradora que dá as boas-vindas a todas as crenças religiosas tanto de nossos trabalhadores quanto de nossos clientes", sustentou.
As explicações não convenceram as cerca de 8.000 pessoas que se somaram a uma campanha de boicote ("Boycott Marks and Spencer"). A polêmica colocou em evidência as diferentes políticas das empresas britânicas na hora de gerir este tema.
Assim como a M, os supermercados Asda, Morrisons e Tesco explicaram que os trabalhadores muçulmanos podem se negar a realizar a venda de certos produtos. No entanto, o presidente da John Lewis, outra importante rede de varejo britânica, disse que os funcionários não devem se negar a atender aos clientes. "Isto vai além do sentido comum", declarou Andy Street à BBC Radio.