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Snowden defende privacidade em mensagem de Natal na TV britânica

Na mensagem, ele afirmou que os métodos de vigilância aos cidadãos descritos pelo escritor britânico George Orwell no romance "1984" "não são nada comparado ao que existe hoje"

Agência France-Presse
postado em 25/12/2013 17:52
Londres - Em sua primeira aparição na TV desde que se refugiou em Moscou, em junho passado, o ex-analista da inteligência americana Edward Snowden fez uma defesa da privacidade em uma mensagem "alternativa" de Natal, transmitida nesta quarta-feira pela emissora britânica Channel 4.

Após desejar Feliz Natal aos telespectadores, Snowden falou da descoberta de um sistema de vigilância global e que "juntos podemos encontrar um equilíbrio maior, acabar com a vigilância maciça e lembrar ao governo que se realmente quer saber como nos sentimos, perguntar é mais barato do que espionar".

Na mensagem, ele afirmou que os métodos de vigilância aos cidadãos descritos pelo escritor britânico George Orwell no romance

Snowden desatou a polêmica após revelar os programas de vigilância da NSA (sigla em inglês para a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos), particularmente com relação a países aliados dos Estados Unidos e seus líderes, como a presidente Dilma Rousseff e a chanceler alemã, Angela Merkel.

Na mensagem, ele afirmou que os métodos de vigilância aos cidadãos descritos pelo escritor britânico George Orwell no romance "1984" "não são nada comparado ao que existe hoje".

No romance de Orwell, disse, a tecnologia consistia de microfones, câmeras de vídeo e televisores "que nos observam; agora temos sensores nos nossos bolsos que nos acompanham a qualquer lugar aonde vamos. Pense no que isto significa para a privacidade das pessoas", denunciou Snowden.

[SAIBAMAIS]

Há seis meses, suas revelações sobre o programa de espionagem generalizado de conversas telefônicas e trocas de mensagens na internet realizada pelos Estados Unidos e alguns aliados provocaram uma grande indignação e crises diplomáticas em alguns países.

Segundo os documentos vazados por Snowden, os alvos da espionagem variavam de cidadãos comuns a empresas e líderes de países amigos.

Os jovens não têm privacidade

Na mensagem "alternativa" de Natal, Snowden advertiu que "uma criança nascida hoje crescerá sem nenhum conceito de privacidade".

"Nunca saberão o que significa ter um momento privado, um pensamento não gravado, não analisado. E isso é um problema porque a privacidade é importante, a privacidade é o que nos permite determinar quem somos e quem queremos ser", acrescentou.

Desde 1993, o Channel 4 emite uma breve mensagem "alternativa" de Natal a cada ano, como resposta à mensagem da rainha Elizabeth II, transmitida pela concorrente BBC.

Saia justa para a diplomacia americana

O ex-analista, de 30 anos, concedeu também sua primeira entrevista em pessoa a um jornal, publicada na terça-feira pelo americano Washington Post, na qual considerou que sua "missão está cumprida".

Snowden, que admitiu ser o responsável pelos vazamentos, disse ao The Washington Post que estava satisfeito porque o público agora está informado sobre a vigilância maciça que o governo americano faz sobre as comunicações telefônicas e na internet.

"Para mim, em termos de satisfação pessoal, a missão já está cumprida", afirmou Snowden.

A coleta de dados da NSA nas comunicações aumentou exponencialmente desde os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos.

Na sexta-feira, o presidente Obama afirmou dar as boas-vindas ao debate sobre o papel da NSA em um momento em que avalia possíveis mudanças nas atribuições da agência em meio a reclamações sobre a proteção ao direito da privacidade.

Obama disse que em janeiro próximo faria "uma declaração bastante definitiva" sobre como as atividades da NSA devem ser revistas.

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O governo americano acusa Snowden de vazar documentos da NSA e ter causado "um dano desnecessário às capacidades de inteligência e à diplomacia americana", nas palavras do presidente Barack Obama.

O ex-analista está em Moscou, onde conseguiu asilo até agosto próximo, após chegar em junho e passar mais de um mês no aeroporto da capital russa.

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