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Erdogan remodela governo turco, mas manifestantes pedem sua renúncia

A remodelação do governo anunciada na quarta-feira incluiu a saída do ministro de Assuntos Europeus, Egemen Bagis, cujo nome foi citado pela imprensa neste caso

Agência France-Presse
postado em 26/12/2013 14:02
Ankara - O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, realizou uma ampla remodelação do governo, após a renúncia de vários ministros por um escândalo de corrupção, mas milhares de manifestantes seguem pedindo sua renúncia.

Depois de se encontrar com o presidente turco, Erdogan anunciou na noite de quarta-feira esta remodelação, após a renúncia dos ministros de Interior, Economia e Meio Ambiente.

Os ministros renunciantes de Interior e Economia estavam no olho do furacão após a detenção de um grupo de 24 pessoas, entre elas seus filhos, no âmbito de uma ampla investigação anticorrupção.

Nesta quinta-feira, um promotor turco disse ter sido impedido de lançar uma nova investigação que faz parte desta ampla investigação anticorrupção.

"Todos os meus colegas e o público têm que saber que eu, como promotor, fui impedido de lançar uma investigação", afirmou Maummer Akkas, acrescentando que a justiça tem sofrido pressões da polícia.

O jornal Milliyet havia noticiado antes deste anúncio que Erdogan tinha dito que os promotores planejavam investigar os filhos do premier, que chefiam grandes empresas e até mesmo o próprio chefe de governo. "O principal alvo desta operação sou eu", disse Erdogan. Já o jornal opositor Cuhurriyet previa um "terremoto" na cúpula do Estado.

Na noite de quarta-feira, milhares de manifestantes pediram a renúncia de todo o governo em várias cidades do país, incluindo Istambul, Ancara e Esmirna (oeste), e foram utilizados novamente os slogans lançados durante a onda de protestos sem precedentes no país nas primeiras três semanas de junho.

[SAIBAMAIS]

Em Istambul, a polícia dispersou com veemência cerca de 5.000 manifestantes depois que foram registrados incidentes entre a polícia, que utilizou bombas de gás lacrimogêneo, e os manifestantes, no bairro de Kadikoy, no lado asiático de Istambul, constatou a AFP. "A corrupção está em toda parte", "a resistência está em toda parte", gritavam os manifestantes, em sua maioria jovens.

Foram feitas convocações para protestos na sexta-feira na praça Taksim, em Istambul, epicentro das manifestações do último verão (no hemisfério norte).

A remodelação do governo anunciada na quarta-feira incluiu a saída do ministro de Assuntos Europeus, Egemen Bagis, cujo nome foi citado pela imprensa neste caso.

Bagis, que até o momento não foi processado pela polícia turca, foi substituído por um deputado do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002, Mevlut Cavusoglu.

Além de Bagis, dez ministros foram substituídos no âmbito dessa reforma, entre eles o do Interior, Muamer Güler, da Economia, Zafer Caglayan e do Meio Ambiente Erdogan Bayraktar, renunciantes.

Eles foram substituídos por Efkan Ala (Interior), até agora subsecretário de Estado ante o primeiro-ministro, e pelos deputados Nihat Zeybekçi (Economia) e Idris Güllüce (Meio Ambiente e Urbanismo).

Como estava previsto antes da explosão do escândalo, os ministros de Justiça, Família e Transportes, candidatos nas eleições municipais de março, também foram substituídos.

Os ministros de Interior, Economia e Meio Ambiente deixaram o governo depois que seus filhos apareceram envolvidos no âmbito de uma ampla investigação anticorrupção que provocou uma crise política, a quatro meses das eleições municipais.

Erdogan voltou na terça-feira a Ancara depois de passar dois dias no Paquistão. Diante de milhares de partidários, o primeiro-ministro insistiu na tese do complô, invocada desde as detenções da semana passada, e criticou os ataques da confraria de Fethullah Gulen, acusada implicitamente de planejar este complô com o objetivo, segundo ele, de destruir os avanços políticos e econômicos alcançados nos últimos dez anos.

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Questionado desde junho por um importante setor juvenil do país, Erdogan agora é pressionado por seus próprios partidários, em particular pela irmandade de Gulen. Esta guerra fratricida mudou o panorama político nacional, diante das eleições municipais e presidenciais de 2014.

"Não haverá trégua. Pelo contrário, esta guerra se tornará cada vez mais violenta até se transformar em uma luta pela sobrevivência de cada uma das partes", estimou Rusen Cakir, editorialista liberal e especialista do AKP de Erdogan e de Gulen.

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