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Estudante é morto no Egito em confrontos entre polícia e partidários

O incidente é registrado em uma semana de protestos em todo o país por parte dos partidários do presidente islamita Mohamed Mursi

Agência France-Presse
postado em 28/12/2013 11:59
O incidente é registrado em uma semana de protestos em todo o país por parte dos partidários do presidente islamita Mohamed Mursi
Cairo
- Um jovem faleceu e outros 100 foram detidos neste sábado em um confronto entre a polícia e estudantes islamitas, que atearam fogo a um edifício da universidade Al-Azhar do Cairo, em meio a uma ofensiva governamental contra a Irmandade Muçulmana.

No total, mais de 350 manifestantes pró-Mursi foram detidos deste sexta-feira no Egito.

O incidente deste sábado soma-se a uma semana de protestos em todo o país por parte dos partidários do presidente islamita Mohamed Mursi, deposto pelo exército, contra a decisão do atual poder egípcio de declarar a Irmandade Muçulmana uma organização terrorista.

[SAIBAMAIS]No Cairo, a polícia anunciou ter desativado uma bomba colocada em um ônibus, dias depois que uma explosão deixou vários feridos na capital.


Segundo uma fonte dos serviços de saúde, um estudante de 19 anos morreu baleado quando a polícia entrava no campus da universidade Al-AZhar, onde os estudantes islamitas organizam regularmente protestos desde a deposição em julho de Mursi, primeiro presidente egípcio eleito democraticamente.

Uma fonte da segurança informou anteriormente que os estudantes entraram na faculdade de Comércio, interromperam uma prova que estava sendo realizada e incendiaram o edifício. O incêndio destruiu dois andares do prédio antes de ser controlado pelos bombeiros.

Policiais e membros das forças de segurança entraram na universidade e lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os estudantes para dispersá-los.

Uma autoridade policial informou sobre a detenção de 101 pessoas.

Os partidários da Irmandade Muçulmana se ergueram contra a direção da Al-Azhar, a instituição sunita mais importante, por apoiar o exército durante a deposição de Mursi.

As forças de ordem também lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra estudantes da universidade de Zagazig, segundo autoridades da segurança.

Ao menos 14 pessoas ficaram feridas nos confrontos registrados em Zagazig e no Cairo, informou o ministério da Saúde.

Os incidentes deste sábado ocorreram um dia depois de manifestações de partidários do presidente islamita terminarem com a detenção de 265 elementos da Irmandade Muçulmana e com a morte de cinco pessoas em confrontos com as forças de ordem, segundo um novo balanço fornecido pelo ministério do Interior e por fontes médicas.

Os confrontos explodiram em várias cidades com as forças de segurança, mas especialmente com os opositores do movimento.

O governo instaurado pelos militares proibiu as manifestações dos partidários da Irmandade Muçulmana, depois de declarar na quarta-feira o movimento como uma "organização terrorista".

Os líderes da Irmandade podem enfrentar a partir de agora a pena de morte por terrorismo, segundo o ministério do Interior.

O novo homem forte do país e chefe do exército, o general Abdel Fatah al-Sissi, prometeu na quinta-feira eliminar os terroristas e devolver a estabilidade ao país, após dois atentados em dois dias.

Um atentado suicida com carro-bomba, reivindicado por um grupo jihadista e denunciado pela Irmandade Muçulmana, provocou na terça-feira a morte de 15 pessoas no norte do país, embora o governo considere a Irmandade responsável pelo ataque.

Na manhã de quinta-feira um atentado contra um ônibus deixou cinco feridos no norte do Cairo.

Desde que o exército derrubou Mursi, o país entrou em uma espiral de violência. A dura repressão das autoridades aos protestos dos islamitas já deixou mais de mil mortos e milhares de detidos entre os partidários do presidente islamita.

Uma centena de policiais e soldados também morreram em ataques dos islamitas mais radicais.

As autoridades acusam regularmente a Irmandade de ajudar e financiar os atentados contra as forças de segurança.

Os analistas acreditam que a organização, que estava proibida, mas era tolerada sob o regime de Hosni Mubarak e que só saiu da clandestinidade após a queda de seu governo, em 2011, pode se radicalizar depois de ter sido retirada à força de uma presidência que conquistou na urnas.

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