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Escândalo de corrupção fez economia da Turquia perder US$ 100 bilhões

A crise provocou fortes quedas na bolsa e mercado cambiário da Turquia, considerada um modelo de democracia no mundo muçulmano

Agência France-Presse
postado em 30/12/2013 16:00
O escândalo político-financeiro que atinge o governo islamita conservador do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan custou mais de cem bilhões de dólares à economia do país, afirmou nesta segunda-feira (30/12) o vice-primeiro-ministro Bulent Arinz após um conselho de ministros.

Esta crise provocou fortes quedas na bolsa e mercado cambiário da Turquia, considerada um modelo de democracia no mundo muçulmano.

Em resposta às graves acusações de corrupção que pesam sobre seu governo, Erdogan denunciou uma vez mais no sábado passado o que considera um complô de seus adversários e da justiça contra seu governo.

No sábado, Erdogan mobilizou novamente seus partidários decidido a resistir por todos os meios à justiça, aos seus rivais e aos protestos das ruas.

Os slogans dos manifestantes, os violentos incidentes com as forças de ordem, as bombas de gás lacrimogêneo e as barricadas lembram a revolta antigovernamental de junho em torno da praça Taksim de Istambul.

Em Istambul e em Ancara, as manifestações reuniram os mesmos grupos de jovens, muito politizados, que em junho desafiaram o governo durante três semanas.

Diante dos protestos nas ruas, Erdogan utilizou a mesma estratégia aplicada há seis meses para apagar os protestos e denunciou ante milhares de partidários em Istambul um complô contra ele.

O chefe de governo islamita moderado também questionou os magistrados do Conselho de Estado, que há alguns dias suspenderam um decreto que obrigava a polícia a informar a sua hierarquia sobre qualquer detenção. "Se pudesse, os julgaria", disse.



A três meses das eleições municipais, Erdogan, seguro do apoio da maioria da população, repreendeu os três deputados que abandonaram na sexta-feira as fileiras do AKP como consequência do escândalo em curso.

Além disso, o primeiro-ministro acusou mais uma vez o pregador muçulmano Fethullah Gulen de estar por trás da investigação anticorrupção que terminou com a detenção de vinte pessoas próximas ao poder e provocou a renúncia de três ministros.

A confraria de Gulen, aliada do AKP desde sua chegada ao poder, em 2002, declarou recentemente sua guerra ao governo por seu projeto de suprimir algumas escolas privadas.

A imprensa próxima à oposição critica a atitude desafiadora de Erdogan. "Não há espaço para dúvidas, a corrupção é uma praga (...) mas a atmosfera política que o primeiro-ministro criou neste assunto é pior e ainda mais prejudicial que a própria corrupção", escreveu Murat Belge no jornal Taraf.

Os mercados financeiros, apesar da remodelação ministerial da última quarta-feira, mostram a mesma inquietação pela incerteza criada com a crise. A moeda turca caiu na sexta-feira ao seu nível histórico mais baixo.

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