Ramallah - Israel libertou nesta terça-feira 26 presos palestinos, como parte das negociações de paz promovidas pelo secretário de Estado americano, John Kerry, que viaja novamente à região nesta semana. Dezoito ex-prisioneiros chegaram à sede da Autoridade Palestina em Ramallah, Cisjordânia, onde eram aguardados pelo presidente Mahmud Abbas e seus familiares.
[SAIBAMAIS]Os ex-detentos foram recebidos como heróis, em um ambiente de alegria e emoção, por centenas de pessoas que exibiam fotos dos presos e bandeiras palestinas. "Prometo que não haverá um acordo definitivo (com Israel) enquanto todos os prisioneiros não retornarem para suas casas", afirmou Abbas. Outros cinco prisioneiros foram libertados e levados para Jerusalém Oriental. Três detentos de Gaza foram levados para este território palestino.
Os 26 estavam detidos desde antes dos acordos de Oslo de 1993, que iniciaram formalmente o processo de paz. Todos cumpriram entre 19 e 28 anos de prisão pelo assassinato de civis ou soldados israelenses. A libertação foi possível depois que a Suprema Corte israelense rejeitou um recurso de última hora apresentado por familiares das vítimas.
Na segunda-feira à noite, quase 200 israelenses protestaram em Jerusalém contra a libertação dos cinco prisioneiros naturais da parte oriental da cidade santa, de maioria árabe e ocupada desde 1967 pelo Estado de Israel.
Três carros pertencentes a palestinos foram incendiados nesta terça-feira em uma localidade próxima a Ramallah, poucas horas depois da libertação dos 26 detentos palestinos, que provocou a revolta da extrema-direita israelense.
De acordo com a polícia israelense, mensagens hostis aos palestinos também foram encontradas no muro de uma casa. "Judeia-Samaria (Cisjordânia): é a guerra" ou "Bem-vindo John Kerry" foram algumas frases escritas em um muro de Jalazune.
As novas libertações materializam um compromisso que Israel assumiu em julho com o governo dos Estados Unidos e os palestinos, para retomar as negociações de paz.
O secretário de Estado americano, John Kerry, deve iniciar na quinta-feira a 10; visita à região desde março para estimular as árduas conversações de paz entre israelenses e palestinos. Washington saudou a libertação dos palestinos como "um passo positivo no conjunto do processo de paz".
A porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, anunciou a "satisfação" de Kerry, que abordará todas as questões do processo de paz com Abbas e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante a nova visita.
A libertação de terça-feira é a terceira de uma série de quatro operações para tirar das prisões 104 palestinos. As duas primeiras aconteceram em 13 de agosto e 30 de outubro. A quarta deve acontecer no fim de abril.
Netanyahu justificou as libertações ao afirmar que "um comando político é julgado pela capacidade de tomar decisões difíceis". "As negociações servem aos interesses estratégicos de Israel", completou.