Agência France-Presse
postado em 31/12/2013 12:36
Bangui - A capital da República Centro-Africana amanheceu nesta terça-feira (31/12) com tiroteios, manifestações de deslocados desesperados e helicópteros franceses sobrevoando Bangui, onde a violência não dá sinais de trégua no último dia de 2013. Membros das milícias cristãs "antibalaka" atacaram às 2h (23h de segunda-feira no horário de Brasília) pela segunda noite consecutiva uma base do Exército Nacional, localizada no setor PK-11, na saída norte da capital, indicou à AFP o general Mahamat Tahir Zaroga."Repelimos o ataque", disse o general, que não relatou vítimas. No bairro central de Ben Zvi, foram registrados disparos pouco antes do amanhecer, segundo relatos de habitantes locais que, assustados, permanecem trancados em suas casas. A origem dos disparos é desconhecida e, até o momento, não há um registro de potenciais vítimas.
Nas imediações do aeroporto internacional de Bangui, que serve de base aos soldados franceses da operação Sangaris e aos membros da Força de Africana (Misca), centenas de deslocado protestaram para denunciar os abusos cometidos, segundo eles, no bairro de Dom Bosco por homens armados da ex-rebelião Seleka. Os manifestantes também pediram ao exército francês para acelerar o desarmamento dos antigos rebeldes, notaram jornalistas da AFP.
"Vocês vieram para desarmar a Seleka. Vocês têm um mandato da ONU. Cumpram-no", reclamava um deles. No final da manhã, várias centenas de deslocados ocuparam uma pista do aeroporto. Apesar das advertências de segurança, os deslocado quase que diariamente atravessam a pista.
Milícias nos bairros
Os assassinatos deixaram mais de mil mortos na capital da República Centro-Africana desde 5 de dezembro, data do início da intervenção francesa. A violência causou o deslocamentos em massa da população para a cidade. Nos arredores do aeroporto, cerca de 100 mil pessoas vivem em tendas improvisadas e dormem no chão, de acordo com estimativas de agentes humanitários.
Estes deslocados, em sua maioria cristãos, fogem dos abusos da Seleka, formada principalmente por ex-rebeldes muçulmanos que derrubaram em março de 2013 o presidente François Bozizé. Por sua vez, os civis muçulmanos fogem da cidade, com medo de represálias das milícias "antibalaka", ou pessoas que os acusnm de conluio com a Seleka.
No distrito de Boy-Rabe, ao lado do aeroporto, "antibalakas" ocupavam a estrada principal, armados com facões, espingardas de caça artesanal e armas automáticas, observaram jornalistas da AFP. No total, a Unicef registrou 55 acampamentos de deslocados na capital, onde vivem cerca de 370 mil homens, mulheres e crianças em condições sanitárias desastrosas.