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Delegações chegam ao Sudão do Sul para fazer as negociações de paz

Os negociadores não devem começar as discussões antes de quinta-feira, informou uma fonte do governo etíope

Agência France-Presse
postado em 01/01/2014 21:23
Adis Abeba - As delegações do presidente sul-sudanês Salva Kiir e de seu ex-vice-presidente Riek Machar, à frente de uma rebelião que desafia o exército desde meados de dezembro, chegaram nesta quarta-feira em Addis Abeba para negociações de paz - informou uma fonte próxima do caso.

Os primeiros membros da delegação do governo de Juba chegaram no início da noite, poucas horas após a delegação dos rebeldes, indicou a fonte, sem outras precisões.

[SAIBAMAIS]Os negociadores não devem começar as discussões antes de quinta-feira, informou uma fonte do governo etíope.

"Negociações informais devem começar amanhã [quinta-feira], já que somente uma parte das delegações chegou hoje", explicou o ministro etíope das Relações Exteriores, Tedros Adhanom.

As negociações formais devem começar dentro de alguns dias.

Segundo a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento do Leste da África (Igad), organismo regional que deve encabeçar as discussões, as negociações tratarão inicialmente de uma forma para chegar ao cessar-fogo. Em seguida, os negociadores falarão sobre a resolução das diferenças políticas que "levaram ao confronto atual".



Os Estados Unidos, que ajudaram a costurar a independência do país em julho de 2011 e principal aliado desde então, disseram que a abertura desta rodada de discussões é um "primeiro passo importante".

A representante da ONU, Hilde Johnson, também afirmou que o envio das delegações é "positivo", mas que é necessário que as negociações sejam seguidas de um processo "mais profundo, que se concentre na reconciliação nacional entre as comunidades".

O jovem Sudão do Sul vem sendo, desde do último 15 de dezembro, palco de intensos combates alimentados pela rivalidade entre o presidente do país, Salva Kiir, e seu ex-vice-presidente, Riek Machar, afastado do cargo em julho.

Salva Kiir acusa Machar de forjar uma tentativa de golpe de Estado. O ex-vice-presidente nega as acusações e condena as tentativas de Kiir de eliminar seus adversários.

O conflito já teria deixado milhares de pessoas e quase 200.000 deslocados. Segundo o comitê internacional da Cruz Vermelha (CICV), dezenas de milhares de pessoas fugiram do estado de Jonglei e fizeram a travessia do Nilo Branco para se refugiarem no estado vizinho dos Lagos.

Algumas informações também alertam para abusos, assassinatos e massacres de caráter étnico. Os combates assumiram uma dimensão tribal: a rivalidade entre Salva Kiir e Riek Machar utiliza e exacerba os antagonismos entre a Dinka, tribo de Kiir, e a Nuer, de Machar.

Nesta terça-feira, a ONU informou ter encontrado "um grande número" de corpos de prisioneiros e de civis no país, cujo conflito interno se agrava.

A missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS) denunciou que "atrocidades continuam sendo cometidas" no país, apesar de o presidente e seu ex-vice-presidente terem concordado em iniciar negociações para por fim às hostilidades.

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