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Insurgentes vinculados à Al-Qaeda controlam cidades iraquianas

A violência chegou a Fallujah onde a polícia abandonou a maioria de suas posições e os insurgentes queimaram algumas delegacias. Pelo menos 14 mortes já foram registradas

Agência France-Presse
postado em 02/01/2014 10:57
Ramadi - Insurgentes vinculados à Al-Qaeda controlavam nesta quinta-feira (2/1) metade da cidade iraquiana de Fallujah e algumas áreas de Ramadi, uma região a oeste de Bagdá majoritariamente sunita que se tornou reduto da contestação contra o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki.

[SAIBAMAIS]Os confrontos entre o exército e grupos armados iniciaram na segunda-feira após o desmantelamento pelas forças oficiais de um acampamento em Ramadi de opositores sunitas. A violência chegou a Fallujah onde a polícia abandonou a maioria de suas posições na quarta-feira (1;/1) e os insurgentes queimaram algumas delegacias. Até o momento, foram registradas 14 mortes.



As duas cidades se tornaram redutos da insurreição após a invasão americana do Iraque em 2003. "Metade de Fallujah está nas mãos do EIIL (Estado Islâmico do Iraque e Levante, grupo ligado à Al-Qaeda) e outra metade nas mãos de homens armados tribais, disse à AFP uma fonte do ministério do Interior. Uma testemunha na cidade afirmou que os insurgentes estabeleceram postos de controle no centro e na zona sul de Fallujah.

"Em Ramadi a situação é parecida - algumas zonas estão controladas pelo EEIL e outras por homens armados tribais", afirmou a fonte ministerial a respeito da capital da província de Anbar, oeste do país. Um correspondente da AFP em Ramadi observou dezenas de caminhões com homens armados na zona leste da cidade. Eles cantavam o hino do EEIL. Nenhum membro das forças de segurança foi visto nas ruas.

Os insurgentes, que cantavam o "Estado Islâmico permanece" e "nosso estado é vitorioso", exibiam bandeiras negras com as palavras "Alá Rasul Mohamed", utilizadas pelos grupos jihadistas. Ramadi é habitada principalmente por sunitas e é um dos corações da contestação contra o governo Maliki, dominado por xiitas, majoritários no país.

Postos da polícia incendiados

Para evitar uma escalada da violência, o primeiro-ministro iraquiano anunciou na terça-feira a retirada do exército das cidades conturbadas da província de Anbar, mas mudou de ideia no dia seguinte. Ele enviou reforços para Ramadi e Fallujah, e as forças armadas permaneciam nesta quinta-feira nas proximidades de Ramadi

O acampamento de opositores sunitas desmantelado na segunda-feira era o maior do país e Maliki desejava há muito tempo acabar com o que chamava de "sede da liderança da Al-Qaeda". O fim do acampamento foi uma vitória para o regime, mas a operação teve um alto custo para a segurança em Anbar, além de acentuar as tensões com a comunidade sunita.

Os sunitas exigem que as autoridades acabem com a discriminação que são vítimas. Para tentar acalmar os habitantes de Anbar, o governo decidiu fornecer uma ajuda a esta província, sob forme de alimentos, combustível e medicamentos. O descontentamento dos sunitas foi um fator determinante no aumento da violência no Iraque nos últimos meses.

Segundo a ONG Iraq Body Count, que contabiliza as vítimas civis da violência desde a invasão americana, que derrubou o presidente Saddam Hussein, o ano de 2013 foi o mais mortal em cinco anos, com 9.475 civis mortos.

Dois anos após a retirada dos últimos soldados americanos em dezembro de 2011, as forças de segurança iraquianas têm dificuldades para lidar com os grupos de insurgentes, os reflexos do conflito na Síria e os protestos da minoria sunita. As forças de segurança não possuem uma formação adequada nem capacidade de inteligência, além de serem acusadas de abusos e torturas.

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