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Rebeldes ligados à Al-Qaeda controlam duas cidades no Iraque

Durante a noite, os combates cessaram em Ramadi, mas a situação permanece confusa em Fallujah

Agência France-Presse
postado em 02/01/2014 20:15
Rebeldes ligados à Al-Qaeda assumiram nesta quinta-feira (2/1) o controle parcial das cidade iraquianas de Fallujah e Ramadi, importantes redutos sunitas, após violentos combates contra as forças do primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki.

Durante a noite, os combates cessaram em Ramadi, mas a situação permanece confusa em Fallujah. As duas cidades estão numa região a oeste de Bagdá majoritariamente sunita, e foram redutos da insurreição após a invasão americana do Iraque em 2003.

Os confrontos entre o Exército e grupos armados começaram na segunda-feira, após o desmantelamento pelas forças oficiais de um campo de opositores sunitas em Ramadi.

A violência chegou a Fallujah, onde a polícia abandonou a maioria de suas posições na quarta-feira e os insurgentes queimaram várias delegacias.



Forças especiais em Fallujah

Para evitar uma escalada da violência, o primeiro-ministro iraquiano anunciou na terça-feira a retirada do Exército das cidades conturbadas da província de Anbar, mas mudou de ideia no dia seguinte.

Ele enviou reforços para Ramadi e Fallujah, e as forças armadas permaneciam nesta quinta-feira nas proximidades de Ramadi. Segundo fontes do ministério da Defesa, os soldados estão nos pontos de acesso às cidades, prontos para intervir se necessário.

Dezenas de carros transportando homens armados evocando o Estado Islâmico do Iraque e Levante, grupo ligado à Al-Qaeda, foram vistos chegando a Ramadi na manhã desta quinta-feira, segundo um jornalista da AFP.

Uma testemunha na cidade afirmou que os insurgentes estabeleceram postos de controle no centro e na zona sul de Fallujah.

"Metade de Fallujah está nas mãos do EIIL (Estado Islâmico do Iraque e Levante, grupo ligado à Al-Qaeda) e outra metade nas mãos de homens armados tribais, disse à AFP uma fonte do ministério do Interior.

"Em Ramadi a situação é parecida - algumas zonas estão controladas pelo EEIL e outras por homens armados tribais", afirmou a fonte ministerial a respeito da capital da província de Anbar, oeste do país.

Nenhum membro das forças de segurança foi visto nas ruas. Também não foi divulgado qualquer boletim sobre o número de vítimas nos confrontos de Ramadi e Fallujah.

Postos da polícia incendiados


O campo de opositores sunitas desmantelado na segunda-feira era o maior do país e Maliki desejava há muito tempo acabar com o que chamava de "sede da liderança da Al-Qaeda".

O fim do campo foi uma vitória para o regime, mas a operação teve um alto custo para a segurança em Anbar, além de acentuar as tensões com a comunidade sunita.

Os sunitas exigem que as autoridades acabem com a discriminação de que são vítimas.

Para tentar acalmar os habitantes de Anbar, o governo decidiu fornecer uma ajuda a esta província, sob a forma de alimentos, combustível e medicamentos.

O descontentamento dos sunitas foi um fator determinante no aumento da violência no Iraque nos últimos meses.

Segundo a ONG Iraq Body Count, que contabiliza as vítimas civis da violência desde a invasão americana, que derrubou o presidente Saddam Hussein, o ano de 2013 foi o mais sangrento em cinco anos, com 9.475 civis mortos.

Dois anos após a retirada dos últimos soldados americanos em dezembro de 2011, as forças de segurança iraquianas têm dificuldades para lidar com os grupos de insurgentes, os reflexos do conflito na Síria e os protestos da minoria sunita.

As forças de segurança não possuem uma formação adequada nem capacidade de inteligência, além de serem acusadas de abusos e torturas.

Nesta quinta-feira, foram contabilizados 24 mortos em todo o Iraque. Treze morreram num atentado com carro-bomba nas proximidades de Baqouba, cerca de 60 km de Bagdá.

Oleoduto bombardeado

Além dos episódios de violência, um importante oleoduto foi bombardeado no norte do Iraque, provocando a interrupção da distribuição de petróleo bruto - informou uma fonte da estatal North Oil Company.

O ataque provocou um incêndio no oleoduto que vai do porto turco de Ceyhan ao norte de Bagdá, explicou a North Oil Company. A empresa disse ainda que as chamas foram apagadas e que equipes já se encontravam no local para reparar os danos.

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