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Insurgentes conquistam terreno em reduto sunita a oeste do Iraque

Os confrontos entre o Exército e grupos armados começaram na segunda-feira, após o desmantelamento pelas forças oficiais de um campo de opositores sunitas em Ramadi

Agência France-Presse
postado em 03/01/2014 11:44
Ramadi - Insurgentes ligados à Al-Qaeda ganharam terreno nesta sexta-feira (3/1) na cidade de Ramadi e agora controlam parte da cidade de Fallujah após novos combates nesses redutos sunitas hostis ao primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki.

[SAIBAMAIS]Os confrontos entre o Exército e grupos armados começaram na segunda-feira (30/1), após o desmantelamento pelas forças oficiais de um campo de opositores sunitas em Ramadi, apresentado pelo regime como um "antro da Al-Qaeda". A violência se espalhou para a cidade vizinha de Fallujah.



De acordo com fontes da segurança, membros do Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL) assumiram na quinta-feira (2/1) o controle de metade de Fallujah e de vários setores de Ramadi, duas localidades da província de Al-Anbar. Nesta sexta-feira, eles ganharam terreno após combates durante a madrugada no centro de Ramadi, segundo um capitão da polícia.

De acordo com a televisão estatal, as forças especiais anti-terrorismo "mataram ontem em Ramadi dois atiradores e queimaram quatro veículos dos terroristas". Dez outros "terroristas" foram mortos na cidade, acrescentou, citando o comando militar em Al-Anbar. Não há um balanço geral dos cinco dias de violência. Quatorze pessoas morreram em confrontos na segunda e terça-feira após o desmantelamento do acampamento.

Em Falluja os combates prosseguem. Um coronel da polícia indicou que grande parte da cidade continua sob o controle do EIIL, enquanto as forças de segurança e líderes tribais controlam o resto da cidade e seus arredores.

A ira sunita

Os insurgentes do EIIL aproveitaram a retirada do Exército das cidades conturbadas da província de Al-Anbar na quarta-feira para avançar sobre as cidades. Na quinta-feira, o governo enviou reforços apoiados pelas tribos armadas para combater o EIIL em Ramadi. E em Fallujah, os combates aconteceram entre os insurgentes e as forças especiais iraquianas.

A província de Al-Anbar, de maioria sunita, tornou-se há mais de um ano um reduto da contestação contra o primeiro-ministro Maliki, acusado de monopolizar o poder e marginalizar os sunitas. Fallujah e Ramadi eram redutos da insurgência que se seguiu à invasão americana do Iraque, que derrubou Saddam Hussein, um sunita, em 2003.

Dois anos após a retirada das últimas tropas americanas, em dezembro de 2011, as forças iraquianas lutam para lidar com insurgentes, encorajados pelo conflito na vizinha Síria, e o descontentamento da minoria sunita. O fim do campo foi uma vitória para o regime, mas a operação teve um alto custo para a segurança em Al-Anbar, além de acentuar as tensões com a comunidade sunita.

"O poder, o controle territorial e a influência (do EIIL) se estende em Al-Anbar, mas concentra-se principalmente nas zonas rurais do deserto", ressalta Charles Lister, pesquisador do Brookings Doha Center. O descontentamento dos sunitas foi um fator determinante no aumento da violência no Iraque nos últimos meses.

Segundo a ONG Iraq Body Count, que contabiliza as vítimas civis da violência desde a invasão americana, que derrubou o presidente Saddam Hussein, o ano de 2013 foi o mais sangrento em cinco anos, com 9.475 civis mortos.

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