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Premiê indiano deixa a política e quer Rahul Gandhi como sucessor

Aos 43 anos, Rahul, bisneto de Nehru e neto da primeira-ministra Indira Gandhi é a esperança do partido

Agência France-Presse
postado em 03/01/2014 13:25
Nova Délhi - O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, anunciou nesta sexta-feira (3/1) sua aposentadoria da política após as eleições previstas para maio e defendeu o herdeiro da dinastia Gandhi, Rahul, como seu sucessor no caso de uma improvável vitória do Partido do Congresso.

[SAIBAMAIS]"Em alguns meses, depois das eleições gerais, passarei o cargo a um novo primeiro-ministro, independente do resultado", declarou Singh em sua primeira entrevista coletiva em três anos. Manmohan Singh, 81 anos, já havia insinuado que desejava abrir espaço para Rahul Gandhi, herdeiro da dinastia que tem dominado a vida política indiana desde a independência.



"Rahul Gandhi seria um excelente candidato. Espero que nosso partido o designe no momento", disse o primeiro-ministro. O Congresso, dirigido pela mãe de Rahul, Sonia Gandhi, poderia designar oficialmente o candidato ao posto de chefe de Governo na reunião executiva de 17 de janeiro.

Um homem sem consistência

Aos 43 anos, Rahul, bisneto de Nehru e neto da primeira-ministra Indira Gandhi, assassinada em 1984, é a esperança do partido desde o assassinato de seu pai Rajiv, em 1991. Durante muito tempo, o solteiro muito cobiçado parecia que não pretendia seguir a tradição da ilustre família, mas em janeiro de 2013 se tornou o número dois do Partido do Congresso.

Discreto, elegante e esportista, Rahul estudou na Inglaterra e nos Estados Unidos. Telegramas diplomáticos americanos divulgados pelo Wikileaks o chamavam em 2004 de "homem sem consistência". De acordo com as pesquisas, o Partido do Congresso tem poucas possibilidades de vencer as eleições de maio e deve ser derrotado pelo partido de oposição Bharatiya Janata Party, dirigido pelo nacionalista hindu Narendra Modi.

Manmohan Singh aproveitou a oportunidade para fazer um ataque sem precedentes contra Narenda Modi, chefe de Governo do estado de Gujarat (oeste). Mori foi criticado por seu polêmico papel nos protestos religiosos de 2002, quando 2.000 pessoas, principalmente muçulmanos, morreram em Gujarat pouco depois de sua chegada ao poder.

"Seria um desastre para o país se Narendra Modi fosse o primeiro-ministro", afirmou Singh. "Modi não deu mostras de liderança ao presidir a matança de civis", ironizou. Modi foi inocentado no caso, mas uma colaboradora foi condenada a 28 anos de prisão. Narendra Modi, 64 anos, ressalta a necessidade de criar um governo limpo e eficaz, em uma tentativa de desqualificar o Partido do Congresso, que está no poder desde 2004.

A popularidade de Singh, obtida em grande parte com as reformas aplicadas quando era ministro das Finanças nos anos 1990, foi abalada por uma série de escândalos de corrupção e pela desaceleração da economia, apesar das políticas de seu governo a favor dos mais pobres, e a lentidão das reformas.

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