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Kerry prega mais esforços para promover a paz entre Israel e Palestina

Secretário de Estado norte-americano já esteve na região 10 vezes

Agência France-Presse
postado em 04/01/2014 17:14
Ramallah - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, reafirmou neste sábado que estava fazendo progressos nas duras conversas com Israel e os palestinos, mas admitiu que é necessário mais tempo para um acordo sobre um esboço para guiar as negociações.

O diplomata norte-americano disse, na segunda rodada de negociações com o líder palestino, Mahmud Abbas, que todos "estavam trabalhando intensamente" e com comprometimento para tentar superar décadas de animosidade.

"Ainda não chegamos lá, mas estamos fazendo progressos", disse Kerry, acrescentando que ele irá neste domingo à Jordânia e à Arábia Saudita para conversar com os reis de ambos os países sobre o caminho a seguir.

"Estou confiante de que as conversas que tivemos nos últimos dois dias já se concretizaram, e até resolveram certos tipos de questões, e apresentaram novas oportunidades para os outros", disse ele.

"Estamos começando a detalhar os obstáculos mais difíceis a serem superados".

Sua décima viagem à região foi perturbada por críticas amargas entre líderes israelenses e palestinos, que se acusaram de tentar prejudicar as conversas.

O negociador palestino Saeb Erakat tentou rebater os comentários do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que os palestinos não eram sérios sobre a paz.

"Ninguém tem mais a perder com o fracasso do que os palestinos", disse Erakat a repórteres, em Ramallah, na Cisjordânia.

"O fracasso não é uma opção. Nós realmente estamos fazendo tudo que é humanamente possível para garantir o sucesso do secretário Kerry".

Ele pediu a Israel para "se abster de quaisquer atos que possam prejudicar ou antecipar o resultado das negociações de estatuto permanente, ou seja, atividades de assentamentos e demolições de casas". Depois de suas conversas com Abbas, Kerry retornou diretamente a Jerusalém e encontrou Netanyahu antes de os dois homens se juntarem a suas equipes.

As negociações diretas entre israelenses e palestinos estavam congeladas há três anos, mas depois de intensas negociações diplomáticas por Kerry, os dois lados concordaram em retomar as conversas em julho e prometeu prosseguir com elas pelos próximos nove meses.

;Pressão para reconhecer estado israelense;

Com a aproximação do prazo final em abril, Kerry prometeu trabalhar ainda mais intensamente com os dois lados nos próximos meses.

Autoridades norte-americanas se recusaram a divulgar qualquer detalhe sobre o esboço que guiará a próxima fase das negociações. Kerry reconheceu neste sábado que não haveria acordo durante esta viagem.

Contudo, uma fonte palestina, próxima às negociações, que pediu anonimato, disse à AFP que Abbas tem sido pressionado para concordar com o reconhecimento de Israel como um estado judeu.

Abbas recusou, segundo a fonte.

As esperanças dos palestinos de ter uma terceira força internacional para ajudar a patrulhar o Vale do Jordão sob o acordo de paz também foram deixadas de lado, disse ele.

Ao invés disso, os EUA propõem uma presença mista israelense-palestina para garantir a segurança na área fronteiriça com Israel, sem estabelecer um prazo para que as tropas de Israel se retirassem.

Kerry disse que um tratado de paz lidaria com todas as questões centrais dividindo os dois lados. Isso incluiu os contornos de um futuro estado palestino, refugiados, o destino de Jerusalém, reivindicado por ambos como capital, segurança e reconhecimento mútuo.

"Kerry propôs uma nova fórmula para resolver a questão de Jerusalém, mas não está claro e é ambíguo e, por isso, não podemos aceitar", acrescentou a fonte palestina.

Sob a proposta, uma Jerusalém unificada seria a capital de ambos os estados sem definir as fronteiras de Jerusalém Oriental, disse a fonte.

Netanyahu aparentemente concordou com a ideia, acrescentou ele.



Os Palestinos querem as fronteiras de seu estado seja baseada no traçado de 1967 antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel capturou a Cisjordânia, incluindo a agora anexada Jerusalém oriental árabe. Ele também insistiram que não deve haver tropas israelenses em seu futuro estado.

Os israelenses querem manter os assentamentos existentes construídos no território palestino ocupado nas últimas décadas e também querem uma presença militar no Vale do Jordão.

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