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Combates se intensificam no Sudão do Sul e negociações atrasam

As negociações em Addis Abeba visam a acabar com três semanas de confrontos que fizeram milhares de mortos

Agência France-Presse
postado em 05/01/2014 14:36
Adis Abeba - Os combates se intensificaram neste domingo (5/1) em várias regiões do Sudão do Sul, enquanto as negociações diretas entre as duas parte em conflito sofrem um atraso na Etiópia.

As negociações em Addis Abeba visam a acabar com três semanas de confrontos que fizeram milhares de mortos na mais jovem nação do mundo.

Sábado à noite, o secretário de Estado americano John Kerry pediu para que as duas partes não "utilizem as negociação como uma tática para ganhar tempo".

"É preciso que as negociações sejam sérias, elas não podem ser utilizadas para ganhar tempo, uma tática", declarou durante visita a Jerusalém.

Após um primeiro encontro no sábado, as negociações deveriam ter começado na manhã deste domingo. Mas "questões protocolares atrasaram" o início, segundo diplomatas, que não excluem a possibilidade de um adiamento até segunda-feira.

No terreno, foram registrados violentos combates na capital Juba e no resto do país. Além disso, as partes não conseguiram chegar a um acordo sobre a libertação de rebeldes pelo governo de Salva Kiir, que enfrenta uma coalizão de grupos opositores liderados por seu ex-vice-primeiro-ministro Riek Machar.

O porta-voz da delegação do governo, o ministro da Informação Michael Makuei, voltou a acusar Riek Machar de "tentativa de golpe de Estado".

"Sua tentativa de derrubar um governo democraticamente eleito é algo concreto (...) mas a maneira como a comunidade internacional conduziu isso é estranha", declarou à imprensa.

"Ela pede para negociarmos com os rebeldes. Mas todo rebelde que capturamos deve responder por que ele ou ela pegou em armas contra o governo", ressaltou.

Segundo o porta-voz do governo etíope, Getachew Reda, o Bloco Regional dos Países da África Oriental, que media as negociações, pediu ao governo sul-sudanês que libertasse 11 detidos políticos, em sua maioria ex-membros do antigo governo, "como prova de boa vontade".

Os confrontos começaram em 15 de dezembro, quando Kiir acusou Machar - expulso de seu posto em julho de 2013 - de planejar um golpe de Estado.

Machar nega a acusação, e critica o presidente de tentar eliminar seus rivais.

Segundo o comitê internacional da Cruz Vermelha (CICV), dezenas de milhares de pessoas fugiram do estado de Jonglei e fizeram a travessia do Nilo Branco para se refugiarem no estado vizinho dos Lagos.

Algumas informações também alertam para abusos, assassinatos e massacres de caráter étnico.

Os combates assumiram uma dimensão tribal: a rivalidade entre Salva Kiir e Riek Machar utiliza e exacerba os antagonismos entre a Dinka, tribo de Kiir, e a Nuer, de Machar.

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