Mundo

Kerry visita aliados e promete plano de paz 'justo' ao Oriente Médio

Agência France-Presse
postado em 05/01/2014 18:19
Riade - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, declarou na noite deste domingo (horário local) ter conseguido o apoio da Arábia Saudita por sua "justa e equilibrada" iniciativa de paz para solucionar o conflito israelense-palestino.

Kerry afirmou que o rei Abdullah da Arábia Saudita "apoia nossos esforços e pensa que podemos ter êxito nos próximos dias", após uma reunião de três horas com o soberano.

O chefe da diplomacia norte-americana realiza sua décima visita à região desde março para tentar reduzir as diferenças e avançar com as negociações de paz entre israelenses e palestinos que foram retomadas em julho de 2013 depois de três anos suspensas.

"Posso garantir a todas as partes que o presidente Barack Obama e eu estamos empenhados em propor ideias que sejam justas e equilibradas" para "melhorar a segurança de todos os povos", declarou Kerry a repórteres neste domingo antes de partir de Jerusalém.

"O caminho está mais claro. O quebra-cabeça está sendo montado e as decisões difíceis que faltam ser tomadas são mais evidentes para todos (...), mas isso leva tempo", disse Kerry após três dias de árduas negociações com israelenses e palestinos.

Contudo, o secretário de Estado alertou que esses esforços poderiam estar condenados ao fracasso.



Kerry se reuniu na Jordânia com o rei Abdullah II.

A monarquia hachemita da Jordânia, guardiã dos locais santos muçulmanos em Jerusalém e segundo país árabe a assinar um acordo de paz com Israel, faz fronteira com a Cisjordânia.

Em seguida, o chefe da diplomacia norte-americana voou a Riad, onde se reuniu com o rei Abdullah.

Um funcionário do departamento de Estado que acompanha Keery, indicou que o secretário queria ouvir "os conselhos dos dois soberanos".

O rei Abdullah da Arábia Saudita também ocupa um lugar estratégico, sendo o autor da iniciativa de paz da Liga Árabe.

"Negociações muito difíceis"

No sábado, Kerry falou em "progressos" nas negociações após os longos encontros desde quinta-feira com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmud Abas.

Kerry lhes apresentou um projeto de "acordo marco", no qual se traçam as linhas gerais de um acordo definitivo sobre as fronteiras, a segurança, o status de Jerusalém e o futuro dos refugiados palestinos.

O texto tem poucas possibilidades de ser aprovado pelas profundas divergências entre ambas partes.

Netanyahu acusou neste domingo a Autoridade Palestina de realizar "uma campanha de incitação ao ódio (...) com sua oposição a um reconhecimento de Israel como Estado do povo judeu".

Israel rejeitou a proposta dos Estados Unidos para garantir a segurança no vale do Jordão, na fronteira entre a Cisjordânia e Jordânia, onde Israel tem a intenção de manter uma presença militar no caso de um futuro Estado palestino.

"A segurança deve continuar em nossas mãos. Quem defende uma solução que consiste em mobilizar uma força internacional, policiais palestinos ou meios tecnológicos, não entende nada sobre o Oriente Médio", considerou neste domingo o ministro das Relações Exteriores de Israel, Yuval Steinitz.

Os palestinos, por sua vez, insistem no fim à ocupação de seu território, mas aceitam o envio de uma força internacional, uma opção rejeitada por Israel, que também exige que o Estado palestino seja desmilitarizado.

De acordo com a imprensa árabe e israelense, os Estados Unidos haviam proposto a manutenção das forças israelenses na fronteira entre a Cisjordânia e a Jordânia por 10 ou 15 anos após a assinatura de um tratado de paz. Os palestinos rejeitaram esta proposta.

Fontes palestinas falaram em negociações "muito difíceis".

Yasser Abed Rabbo, um responsável palestino, disse em uma entrevista que não há "progresso real" nos principais temas, entre os quais se encontram "Jerusalém, os refugiados, as colônias e o retorno às fronteiras de 1967 e até dos prisioneiros".

"Não acredito que vejamos, em breve, algo escrito", acrescentou.

Depois de Riad, Kerry retornará a Jerusalém.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação