Agência France-Presse
postado em 06/01/2014 11:44
Jerusalém - O secretário americano de Estado, John Kerry, deixa nesta segunda-feira (6/1) Israel após intensas negociações diplomáticas que, segundo ele, permitiram alguns progressos, embora não tenha sido alcançado um acordo entre Israel e os palestinos sobre um plano de paz. Durante os quatro dias de seu giro pelo Oriente Médio, Kerry passou muitas horas em reuniões separadas com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas. Também fez uma viagem não anunciada de um dia a importantes países aliados árabes, Jordânia e Arábia Saudita.No entanto, Kerry parte sem ter obtido um acordo para resolver temas como o das fronteiras, a segurança, o status de Jerusalém ou o futuro dos refugiados palestinos. Na manhã desta segunda-feira, Kerry informou sobre seus avanços a Tony Blair, o emissário especial do Quarteto diplomático para a paz no Oriente Médio (integrado por Estados Unidos, ONU, Rússia e União Europeia), em seu hotel de Jerusalém, ao concluir sua décima viagem à região como secretário de Estado. Pouco antes, Kerry havia se reunido com o líder opositor israelense Isaac Herzog.
Devido à atitude reservada das autoridades americanas, poucas informações foram divulgadas sobre as propostas do secretário de Estado para tentar aproximar as irreconciliáveis posições de ambas as partes. Segundo o jornal israelense Maariv, Kerry pressionou Netanyahu para que aceite uma fórmula que autorize o retorno a Israel de um número limitado de refugiados expulsos em 1948, ao que se opõem os líderes do Estado hebreu.
Os negociadores israelenses querem prolongar até janeiro de 2015 o atual ciclo de negociações de paz com os palestinos, que, segundo o plano inicial, deveria terminar no dia 29 de abril, acrescentou o Maariv. Em troca, aceitariam suspender os procedimentos de planejamento e construção em determinadas colônias da Cisjordânia. Kerry prometeu que sua equipe, dirigida pelo emissário especial Martin Indyk, continuará trabalhando no local esta semana, e afirmou que retornará em breve a Jerusalém.
Os meios de comunicação israelenses indicaram que o próprio Kerry retornará à região na próxima semana.
Divergências
No domingo passado, o secretário de Estado realizou uma missão relâmpago na Jordânia e na Arábia Saudita, amparando-se no apoio do soberano saudita aos seus esforços para elaborar uma solução "justa e equilibrada" ao conflito israelense-palestino. Em julho de 2013, Kerry havia convencido as duas partes a voltarem à mesa de negociações, depois de três anos de interrupção dos contatos.
[SAIBAMAIS]Antes de partir em direção a Amã e Riad, Kerry afirmou que "o caminho é mais claro, o quebra-cabeças é mais definido, e para todos se tornaram mais evidentes as difíceis alternativas pendentes e as opções que existem frente a estas alternativas". No entanto, "não posso dizer quando as últimas peças ocuparão seu lugar ou cairão no chão, deixando um quebra-cabeças inconcluso", esclareceu.
Kerry apontou progressos durante suas prolongadas negociações com Netanyahu (13 horas no total) e Abbas. Mas, as divergências são muito profundas. Netanyahu acusou a direção palestina de manifestar sua "oposição ao reconhecimento de Israel como Estado judeu e ao nosso direito de estar aqui".
Um líder palestino, Yasser Abed Rabo, destacou, por sua vez, que ocorreram "discussões sérias sobre a forma de avançar", mas advertiu que não era preciso esperar no momento soluções concretas devido à falta de progressos reais sobre as questões mais delicadas.