Agência France-Presse
postado em 06/01/2014 15:09
O embaixador do Japão em Londres respondeu nesta segunda-feira (6/1) a seu colega chinês na capital britânica que comparou recentemente o primeiro-ministro nipônico a Voldemort, o vilão da saga Harry Potter: "Voldemort é Pequim"
Em declarações publicadas no site do jornal Telegraph on Sunday, Keiichi Hayashi considerou que a China fez a escolha entre duas opções: "a primeira, a do caminho do diálogo e do respeito às leis; a segunda, o de interpretar o papel de Voldemort na região, dando rédeas aos demônios em uma corrida armamentista e de escalada das tensões, enquanto o Japão não fará nada para agravar a situação".
"A resposta é clara. Embora a China tenha recusado até o momento um diálogo entre os nossos líderes, espero que, eventualmente, dê um passo a frente em vez de invocar constantemente o fantasma do militarismo de há 70 anos que não existe mais", prosseguiu o diplomata.
"É irônico ver que um país, que aumenta suas despesas militares em 10% ano ano, acuse há vinte anos seu vizinho de ser militarista", acrescentou o embaixador japonês.
Em um artigo publicado no início do ano pelo Daily Telegraph, o embaixador da China em Londres, Lui Xiaoming, evocou o vilão Lord Voldemort para denunciar as tendências militaristas do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, cuja recente visita ao santuário de Yasukuni chocou Pequim.
"Na saga Harry Potter, o mago negro Voldemort morre porque as sete horcruxes, onde estão partes de sua alma, são destruídas", escreveu o embaixador.
"Se compararmos o militarismo do Japão a um Voldemort, então o santuário Yasukuni de Tóquio é uma espécie de horcruxe, que abriga a face mais sombria da alma desta nação", prosseguiu o diplomata na coluna publicada quarta-feira.
Na série literária de Harry Potter, as horcruxes são objetos ou animais nos quais Voldemort, o "Lorde das trevas", trancou fragmentos de sua alma. Voldemort tenta reinar sobre o mundo dos bruxos e é o inimigo jurado do jovem Harry.
Em 26 de dezembro, Shinzo Abe, conhecido por suas posições nacionalistas, provocou a ira de Pequim e Seul ao visitar Yasukuni, santuário em homenagem aos 2,5 milhões de soldados mortos, assim como aos 14 criminosos de guerra condenados após 1945.
Apesar de assegurar os objetivos pacifistas da visita, a primeira de um chefe de governo japonês desde 2006, a China e a Coreia do Sul criticaram a iniciativa como um insulto às vítimas das atrocidades cometidas pelas tropas nipônicas na primeira metade do século XX.
As relações entre Pequim e Tóquio estão comprometidas há um ano em razão de uma disputa territorial no Mar da China Oriental e às divergências históricas que remontam a Segunda Guerra Mundial e ao início do século XX.