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Dormindo com o inimigo: ex-secretário de Obama critica presidente em livro

Os principais jornais americanos anteciparam alguns trechos das memórias de Gates

Agência France-Presse
postado em 08/01/2014 22:05
Washington - Um dos pilares do primeiro mandato de Barack Obama, Robert Gates, republicano que permaneceu à frente do Pentágono após a mudança de governo, aplicou um duro golpe no presidente democrata ao questionar sua liderança e seus colaboradores no livro a ser lançado em 14 de janeiro.

Os principais jornais americanos anteciparam alguns trechos das memórias de Gates.

O ataque do ex-secretário da Defesa (2006-2011) contrasta com os elogios a Obama, especialmente por sua "corajosa" decisão de eliminar o chefe da rede Al-Qaeda, Osama bin Laden, mas poderá causar danos a um presidente já enfraquecido e será, certamente, explorado pelos republicanos.

As críticas aos conselheiros da Casa Branca e a Barack Obama não são novas, mas em suas memórias "Duty: Memoirs of a Secretary at War", Gates conseguiu estremecer Washington devido a seu status e ao respeito com que conta da classe política em geral. A rapidez na reação dos colaboradores de Obama pode ser tomada como um sinal do turbilhão causado pelas revelações do ex-chefe do Pentágono.

Gates "sempre disse que tinha uma boa relação de trabalho com o presidente", lembrou na NBC David Axelrod, ex-assessor e homem muito próximo de Obama.

Em entrevista à CBS, o ex-chefe de gabinete da Casa Branca Bill Daley admitiu que a publicação dessas memórias é "bastante infeliz" e não acrescenta "nada", já que o conflito afegão ainda não terminou.

Os trechos divulgados pela imprensa revelam o ressentimento de Gates em relação à estratégia da Casa Branca no Afeganistão.

O ex-secretário da Defesa descreve uma reunião de março de 2011, na qual Obama parecia não acreditar mais na tática adotada 18 meses antes de enviar mais 30 mil homens para esse país e manifesta suas dúvidas sobre as capacidades do general David Petraeus, então comandante das forças do Afeganistão.

"Enquanto me sentava, pensei: o presidente não confia em seu comandante, não apoia (o presidente afegão, Hamid) Karzai, não acredita em sua própria estratégia e não considera que essa guerra seja sua", revela.

Obama estava "cético, ou totalmente convencido de que (sua estratégia) iria fracassar", completa o ex-secretário, lamentando a "desconfiança" expressada pelo presidente em relação aos generais encarregados de aconselhá-lo e de por a estratégia em prática. Isso acabou se tornando um "grave problema".

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