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Draghi alerta que ainda é cedo para cantar vitória na zona do euro

"A recuperação está aí, mas ainda é frágil e modesta. Há vários riscos, sejam financeiros, econômicos, políticos ou geopolíticos, que poderiam ameaçar essa recuperação", disse Draghi

Agência France-Presse
postado em 09/01/2014 17:15
Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), que nesta quinta-feira (9/1) manteve sua principal taxa de juros em 0,25%, alertou que ainda é "cedo para cantar vitória" na zona do euro após vários anos de crise.

"A recuperação está aí, mas ainda é frágil e modesta. Há vários riscos, sejam financeiros, econômicos, políticos ou geopolíticos, que poderiam ameaçar essa recuperação", disse Draghi, em sua coletiva de imprensa mensal, realizada depois da reunião mensal de política monetária da instituição de Frankfurt. "É cedo para cantar vitória", alertou.

O BCE optou por deixar a taxa de juros vigente desde novembro sem alterações, em 0,25%, apesar de estar preparado para intervir em caso de necessidade, em particular se a inflação, que em dezembro foi de 0,8%, continuar caindo.

"Estamos decididos a manter uma orientação muito acomodativa de nossa política monetária e a adotar novas medidas decisivas se for necessário", disse Draghi.

"Em nossa opinião, é um sinal claro de que o BCE não dormiu no ponto, mas que está em um nível alto de alerta", disse Carsten Brzeski, economista da ING.

Contudo, Brzeski alertou que Draghi rejeitou entrar em detalhes sobre as medidas possíveis que poderiam ser adotadas nos próximos meses. "O que deixa o caminho livre às especulações e aos fantasmas".

Seu colega da IHS Global Insight, Howard Archer, também se surpreendeu com o tom indeciso de Draghi. "Ele limitou suas observações ao fato de que o BCE tem vários instrumentos a sua disposição, cujo emprego dependerá da situação".

No momento, a discussão gira principalmente em torno do nível baixo de inflação, que faz muitos temerem a deflação, sinônimo da queda dos preços, dos salários e da atividade, o que colocaria em perigo a modesta recuperação iniciada na primavera passada.

Embora, no momento, o BCE descarte essa opção. "Não vemos deflação. Não vemos um cenário como o Japão", disse Draghi.



O BCE decidiu baixar sua principal taxa em novembro a 0,25%, devido ao risco de que os preços se estabilizem a um nível baixo e a manteve nesta quinta-feira, argumentando que a queda de dezembro em relação a novembro foi devido a efeitos excepcionais que não voltariam a se reproduzir em janeiro.

O BCE prevê que em 2014 os preços subam 1,1% no conjunto da zona do euro, e 1,3% em 2015.

Além da taxa de juros, o BCE tem a possibilidade de modificar a taxa de depósitos, o que os bancos recebem por deixar durante, no máximo de 24 horas, o excedente de liquidez no BCE, que se situa em 0% desde julho de 2012.

Isso para incentivá-los a abrir a fonte dos créditos a particulares e empresas para sustentar o consumo e os investimentos e com isso, a recuperação econômica, mas uma taxa negativa suscita o temor de que os bancos repassem o custo a particulares e empresas.

Também se fala de um novo empréstimo a longo prazo (LTRO) aos bancos, mas o BCE quer garantir que este dinheiro sirva realmente para emprestar as empresas, para que não aconteça como nas duas ocasiões anteriores de finais de 2011 e começo de 2012.

O fato de que Draghi "tenha minimizado a baixa de liquidez no setor bancário sugere que um LTRO não está no topo da lista", disse Jonathan Loynes, economista chefe da Capital Economics.

Draghi lembrou que o BCE está disposto a contemplar "todos os instrumentos" de política monetária autorizados pelos tratados para reagir a uma eventual deterioração da situação, o que pode ser um "sinal de que o BCE está pronto para seguir outros bancos centrais no caminho da compra de ativos", disse Loynes.

Contudo, esta possibilidade enfrenta a oposição de alguns membros do BCE, entre eles o banco central alemão.

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