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Violência dos combates no Iraque gera preocupações humanitárias

Também foram registrados episódios de violência na capital, Bagdá, com um atentado suicida cometido contra recrutas que matou 23 pessoas e feriu 30, de acordo com fontes médicas

Agência France-Presse
postado em 09/01/2014 17:15
Intensos combates entre as forças de segurança iraquianas e insurgentes foram travados nesta quinta-feira (9/1) na província sunita de Al-Anbar, oeste do país, onde a violência obrigou milhares de famílias a abandonarem suas casas nos últimos dias.

Também foram registrados episódios de violência na capital, Bagdá, com um atentado suicida cometido contra recrutas que matou 23 pessoas e feriu 30, de acordo com fontes médicas.

Os combates em Al-Anbar despertam a preocupação da ONU e de organizações internacionais, e Washington insistiu para que o primeiro-ministro iraquiano xiita, Nuri al-Maliki, procure se reconciliar com as tribos sunitas.

Algumas dessas tribos estão lutando junto com os insurgentes jihadistas.

"Uma força atacou um refúgio da Al-Qaeda na região de Al-Bubali na noite de quarta, e nesta manhã (quinta-feira), ocorreram intensos combates entre o exército, apoiado por tanques, e grupos jihadistas", informou um oficial da polícia à AFP.

Tanques e helicópteros destruíram uma escola e várias casas que serviam de posição de tiro dos insurgentes, e depois os combates cessaram, acrescentou a fonte.

Al-Bulali está localizada entre Fallujah, uma cidade controlada há alguns dias por combatentes do Estado Islâmico no Iraque e o Levante (EIIL, vinculado a Al Qaida) e tribos hostis ao governo, e Ramadi, outra tomada em parte pelos jihadistas.



Devido aos combates e aos bombardeios, mais de 13.000 famílias fugiram de Fallujah, uma cidade que conta com cerca de 500.000 habitantes, segundo o Crescente Vermelho iraquiano.

A violência, que começou em 30 de dezembro depois do desmantelamento de um acampamento de sunitas considerado um QG da Al-Qaeda, causou mais de 250 mortes, segundo balanço da AFP baseado em fontes médicas e oficiais.

A Human Rights Watch (HRW) denunciou o uso de métodos ilegais nos combates, que deixaram um grande número de vítimas civis.

Em um comunicado, a ONG acusou o Exército de ter disparado um morteiro contra bairros civis e os insurgentes de também terem tomado zonas civis como alvo.

A HRW também manifestou preocupação com o cerco a Fallujah e a Ramadi, que prejudica o fornecimento de comida, água e combustível.

Pressões dos Estados Unidos

Em sinal da crescente pressão dos Estados Unidos, o vice-presidente americano, Joe Biden, ligou na quarta-feira para Maliki pela segunda vez esta semana.

Segundo um comunicado da Casa Branca, Biden pediu que o premiê iraquiano mantenha os esforços para "aproximar lideranças nacionais, tribais e locais".

Já o porta-voz da Presidência americana, Jay Carney, indicou que Washington pediu a Maliki que trabalhe simultaneamente pela reconciliação política e pela expulsão da Al-Qaeda de Fallujah e Ramadi.

Há alguns dias uma fonte governamental anunciou que o Exército prepara uma ampla operação para retomar Fallujah, mas Maliki pediu na segunda-feira que as tribos sunitas da região expulsem por si mesmas os terroristas para evitar assim um ataque do exército.

Uma ação militar contra essa cidade de maioria sunita pode agravar as tensões entre a minoria sunita do país e o governo dirigido por xiitas.

Além disso, esse é um grande desafio para as forças iraquianas, que até o momento não fizeram um ataque desta magnitude desde a retirada dos últimos soldados americanos há dois anos.

Esta é a primeira vez desde 2003 - quando ocorreu a insurreição em resposta à invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos - que os insurgentes ligados à Al-Qaeda tomam abertamente o controle de zonas urbanas no Iraque.

Em Washington, o Pentágono anunciou na segunda-feira uma aceleração do fornecimento já previsto de mísseis e aviões não tripulados de vigilância ao Iraque, mas o secretário de Estado John Kerry disse claramente que os Estados Unidos não enviarão tropas ao país.

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